É
DE ROSCA. (17)
Estilo:
ficçãoModelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 17 (mês de outubro 2015)(atraso de 2 meses) (um por mês)
Quem
manda, hoje, em Ipirá é o PRIMEIRO COMANDO DA MOSQUITARIA. As maiores
lideranças da localidade estavam dispostas naquela mesa redonda de forma a não
ter nenhuma notoriedade na cabeceira. O primeiro a falar foi Chico que deu a
sugestão de telefonar imediatamente para o ex-prefeito Dió e sem demora pegou o
celular e discou:
-
Alô, ex-prefeito Dió!
-
Alô! Quem está falando?
-
É Chico.
-
É Chico Buarque?
-
Não, é Chico Gunha! Venha imediatamente para Ipirá, porque temos uma força que
dominou a cidade.
-
Vê lá se eu, macaco velho, vou acreditar num disparate desse! Quem manda nesse
terreiro aí, sou eu, o ex-prefeito Toinho e o prefeito Bal. O resto tá xopado.
Telefone
desligado. O primeiro a usar a palavra foi o Zika, um feroz terrorista e
sanguinário malfeitor que disse com veemência:
-
Eu não disse que com esse sujeito a gente tem que jogar duro, porque esse
sujeito é esperto demais, qualquer coisinha ele corre para se tratar em São
Paulo nunca vai para o hospital de Ipirá.
-
Não é assim não, Zika! Diz prá ele que a campanha já começou e que ninguém fala
no nome dele, prá tu vê se ele não risca no pedaço em dois minutos – falou Da
Dengue que discou e ouviu a resposta do ex-prefeito Dió.
-
É Da Dengue que está falando, não é? Preste atenção ao que eu vou dizer agora e
escreva aí, o jogo só começa quando eu chegar ai em junho, tudo isso é
presepada do baixo clero. Vou sentar com o ex-prefeito Toinho e o prefeito Bal
e vamos decidir no tempo certo e adequado.
-
Não é assim não seu chupa-cabra, venha logo para cá e tome o seu lugar nesta
situação de desgaste que você e o ex-prefeito Déo deixaram para a macacada. E
tem mais! Você vai se vê é comigo, vou enfiar uma picada no seu pescoço que
você vai perder até esse vozeirão QUERO DESEJAR A TODOS OS IPIRAENSES E AOS QUE
AQUI ESCOLHERAM PARA MORAR – falou o perigoso e terrível Microcefalia, que
jurou ser o primeiro a grudar no ex-prefeito.
-
Bonjour monsieur, ex-prefeito Dió! Como tá le vu? Aqui quem fala é o françuá
Guillan Barrê, parente bem próximo do jacobino Robespierre, que gostava de usar
a guilhotina, assim como eu, e estou doido para ver como vai ficar seu pescoço,
porque do umbigo para baixo seu corpo vai ficar todo paralisado.
O
ex-prefeito Dió pensou: “Com um francês pelo meio esse Primeiro Comando da
Mosquitaria deve ser o cão chupando manga, vou agora mesmo para Ipirá!” Riscou
em sua residência, na rua de Delorme, o único lugar que não tem mosquito na
cidade. O Primeiro Comando da Mosquitaria sobrevoou em frente à casa e
comentou:
-
Vamos pegá-lo aqui mesmo e agora – falou Guillan Barrê.
-
Não! Vamos deixá-lo seguir para as bandas da ABB e o nosso comando terrorista
de dez mil mosquitos acaba com ele – falou Da Dengue.
-
Nada disso! Vamos grudar esse sujeito é agora e lá dentro que ele não é melhor
do que ninguém – falou Microcefalia, que deu dois toques na porta e partiu para
cima, foi o primeiro a tirar uma lasquinha, quando o ex-prefeito Dió apareceu
com uma toalha no pescoço.
O
ex-prefeito Dió não suportou o repuxo e jogou a toalha, seu cérebro foi ficando
inchuido e ele entrou rapidamente em contato com o prefeito Bal que chegou
escorregadio:
-
Vamos inaugurar o Matadouro de Ipirá agora, eu não quero ser mais candidato a
prefeito nessa terra – disse o ex-prefeito Dió.
-
Como? Oxente, ex-prefeito Dió! Até ontem, V. Exa. era contra a inauguração e
agora não quer mais ser prefeito! O que será que tá acontecendo homem de Deus?
-
Eu sempre fui a favor, quem é contra é essa mosquitaria, que eu reconheço,
tomou conta de Ipira. Eu ganhei a primeira eleição dizendo que ia inaugurar
esse matadouro, ganhei a segunda cercando a Praça da Bandeira, que eu mudei de
nome, e se quisesse ganhar a terceira, ganharia
com a inauguração do matadouro, com a universidade do ex-prefeito Déo e com o
asfalto da cidade, mas eu não sou mais candidato a nada.
Ao
ouvir aquilo, o prefeito Bal ficou preocupado, amarrou o ex-prefeito Dió e
mandou-o para fazer um tratamento num hospital de São Paulo, em Ipirá ele
corria o risco do ataque de mosquito e mudar de ideia, por isso toda medida de
precaução é previdente. Que ninguém, nem macaco, nem mosquito, telefone para o
ex-prefeito Dió que ele não dará ligação. Tá dito e escrito.
Suspense:
e agora, o bicho pega? esse matadouro vai ou não vai? Êta novelinha complicada
e chata. Tem gente que já cansou dessa novelinha. Fica aquela coisa repetitiva.
Eu não agüento mais escrever esse troço.
É
difícil, muito difícil, escrever uma novelinha em condições tão adversas. Vinte
e cinco anos e nada de inauguração desse elefante branco e eu na obrigação de
escrever essa novelinha, na obrigação de inventar até causo com mosquito, coisa
que não tem em Ipirá e que não vai provocar nenhuma tragédia nessa terra, mas
eu fico fazendo ficção com essas coisas, não é fácil. Você pensa que é fácil
fazer uma síntese do ex-prefeito Dió? Não é, principalmente agora que ele está
preso a um destino incontornável de manter-se absoluto como o maior expert da
politicagem oligárquica interiorana.
O
término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse
Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.
Observação:
essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador
e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles
brincam com o povo e o povo brinca com eles.
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