quarta-feira, 22 de março de 2017

É DE ROSCA. (27)

Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo: 27 (mês de agosto 2016)(atraso de 7 meses) (um por mês)

A grande novidade de Ipirá nesta última década foi, sem dúvida, o telão. Não é que o povo não esteja com intimidade com a tecnologia HDM, mas foi aquela coisa da Praça do Puxa com roupagem cibernética girando, girando em 3 D, que deixou o povo perplexo. Foram vários pensamentos e eu registro uns dois: “Como é que essa praça fica dando tubí, será qui vai agüentá?”; “Essa praça vai ficar tonta e vai vomitá, eu só quero vê o casqueiro”

Teve gente que não gostou e bateu uma ciumeira descabida, aí saltou no telão, botou a praça prá fora e ficou no seu lugar. Advinha quem foi? O Matadouro de Ipirá. E justificava dizendo: “Eu tenho 25 anos em Ipirá, nunca tive um tratamento vip desse; esse Puxa nem existe ainda e fica de boa!” Isso, foi o bastante para o prefeito Marcelão dá um pinote e entrar no telão. Tonho de Ló, tomando umas duas canjimbrinas, virando a cara, disse: “Isso vai fedê!”

SOM NO TELÃO. Apareceu a voz do prefeito Marcelão:”Que o Todo-Poderoso te proteja neste momento nada fácil, porque sabemos que a carne é fraca e eu, sinceramente, não quero embaraço na sua vida e espero que você apresente suas certidões e bonificações para viver em paz e do trabalho...” O som do telão pifou. Vamos ouvir a multidão. Se não é a novelinha o povo não fala não:

- Êta, qui eu mi arripiu toda quando eu ouço a voz do prefeito Marcelão! – falou uma mulher emocionada

- Ô mãe! Esse filme é Os Dez Mandamentos? – perguntou a filha.

- Tu toma juízo, menina! Esses dois aí não segue nem o primeiro mandamento, cuma é qui vão acompanhá dez!

Voltou o SOM do TELÃO. Com a palavra o matadouro: “Alto lá, prefeito Marcelão, alto lá! A Carne Fraca pode pegá eles lá; muá aqui não, não tem Polícia Federal, nem MP, nem governo Temer, nem fiscalização da Irlanda, que aponte um taco de carne podre aqui nesse matadouro de Ipirá. Esse desafio eu faço de cabeça empinada. Não tem nesse mundo quem aponte uma carne saída desse Matadouro de Ipirá que vos fala neste instante...” Deu bronca no SOM, vamos ao povo:

- Oh mãe, quem é esses aí? – indagou o filho.

- É o matadouro – respondeu a mãe impaciente porque queria que o som voltasse a funcionar.

- Esse home aí é o matadô? – pergunta o menino curioso.

- Ô, seu burro! Esse aí é o prefeito Marcelão! – respondeu a mãe.

- Não é esse home qui anda de capacete branco com uma marreta de 25 quilo na mão?  Esse home é matadô ou brocadô? – indaga o filho

- Ô, seu jumento! Tu é rude prá aprendê as coisa! Prá qui é qui tu ta na iscola? Eu vou ti botá na iscola do Senai do prefeito Marcelão prá vê se tu dá prá gente! – respondeu a mãe demonstrando impaciência.

- Ô, mãe! Ipirá tem iscola do Sinai? – perguntou o filho.

- Ô, seu fie de uma égua com jegue! Tu é tão apirriento, qui só acredita no qui vê! Tu não viu o home da rádia dizê qui a iscola do Senai foi inaugurada pelo prefeito Marcelão? Aquilo é qui é iscola, não vai intrá macaco de jeito qualidade, só vai tê jacu e tu é jacu, intonce tu vai prá lá – afirmou a mãe convencida de querer o bem do filho.

VOLTOU O SOM. Com a palavra o prefeito Marcelão: “ Eu acredito no que você está falando, vamos solicitar uma certidão ao Ministério da Agricultura e requerer um credenciamento para Ipirá entrar nesse seleto clube de exportador de carne; vamos vender carne de bengo para o Chile; carne de cachorro para a Tailândia; carne de caçote para a China; carne de calango para o Camboja e carne de saruê para ...” pifou o SOM, vamos ao povo:

- Esse matadouro vai dá uma broca no pé do ouvido desse prefeito, assunte se não vai acontecê! – disse um sujeito macaco doente.

- Quem? Quem é doido prá dá uma broca no prefeito Marcelão? Aceita qui perdeu qui dói menos, Esse prefeito Marcelão tem atitude, já tem é dez obra na cidade em menos de três mês, eu não vou dizê aqui porque vou levá uma semana citano – rebateu, partindo prá cima, um jacu.

- Eu tô veno é uma Ipirá malamanhada, o prefeito já começou a atrasá o pagamento de fornecedô, de inquilino, até de trabaiadô contratado. Onde é qui ele vai conseguí dinheiro prá pagá obra de telão. Vocês deixa de ser besta, esse matadouro enrola esse povo de Ipirá há mais de vinte ano e agora vem esse telão enrolar ainda mais. Eu é qui num como H desse telão – disse o macaco.

- Tu viu mãe o qui o home disse? Disse qui Ipirá tá mala manhada. O qui é mala manhada, mãe? É coisa boa? – indagou o menino com uma carritilha de perguntas.

- Tu deixa de sê inxirido, minino! Tu ta pareceno fie de lumbriga qui não tem nada na cabeça! Tu vai cuidá de tuas pereba qui é mais negoço, prumode de tu continuá nesse atrivimento eu vou te arrancá essas oreia de um socovão só, aqui mesmo e, quando chegá em casa, eu vou te lambê num catiripapo com cansanção qui tu vai se arrependê dá hora qui te veio a esse mundo – falou a mãe que já estava braba.

Voltou o SOM. Com a palavra o matadouro: “ Ôpa! Não é desse jeito não, playboy! Minha cartilha não é escrita em linha torta, se não for prá ser Freeeeboi eu tô fora, Freeeecalango é que eu não vou ser...” Parou o SOM e o povo ficou com a cara prá cima. Será que isso tudo é verdade ou mentira?

Suspense: sobrou prá mim. O que é que eu tenho a ver com o desentendimento do prefeito Marcelão com o matadouro? Nada. Vou fazer minhas contas: são quatro capítulos 2016, mais três atrasados 2017, um total de sete capítulos totalizando 34 capítulos de marretada à torto e pela direita. Eu não agüento mais escrever esse troço. Será que tudo isso vai terminar em Chiclete e Pissirico. E o matadouro, nada!

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente. Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.


Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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