Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba
nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo: 27 (mês de agosto 2016)(atraso de 7
meses) (um por mês)
A grande novidade de Ipirá nesta última
década foi, sem dúvida, o telão. Não é que o povo não esteja com intimidade com
a tecnologia HDM, mas foi aquela coisa da Praça do Puxa com roupagem
cibernética girando, girando em 3 D, que deixou o povo perplexo. Foram vários
pensamentos e eu registro uns dois: “Como é que essa praça fica dando tubí,
será qui vai agüentá?”; “Essa praça vai ficar tonta e vai vomitá, eu só quero
vê o casqueiro”
Teve gente que não gostou e bateu uma
ciumeira descabida, aí saltou no telão, botou a praça prá fora e ficou no seu
lugar. Advinha quem foi? O Matadouro de Ipirá. E justificava dizendo: “Eu tenho
25 anos em Ipirá, nunca tive um tratamento vip desse; esse Puxa nem existe
ainda e fica de boa!” Isso, foi o bastante para o prefeito Marcelão dá um
pinote e entrar no telão. Tonho de Ló, tomando umas duas canjimbrinas, virando
a cara, disse: “Isso vai fedê!”
SOM NO TELÃO. Apareceu a voz do prefeito
Marcelão:”Que o Todo-Poderoso te proteja neste momento nada fácil, porque
sabemos que a carne é fraca e eu, sinceramente, não quero embaraço na sua vida e
espero que você apresente suas certidões e bonificações para viver em paz e do
trabalho...” O som do telão pifou. Vamos ouvir a multidão. Se não é a novelinha
o povo não fala não:
- Êta, qui eu mi arripiu toda quando eu ouço
a voz do prefeito Marcelão! – falou uma mulher emocionada
- Ô mãe! Esse filme é Os Dez Mandamentos? –
perguntou a filha.
- Tu toma juízo, menina! Esses dois aí não
segue nem o primeiro mandamento, cuma é qui vão acompanhá dez!
Voltou o SOM do TELÃO. Com a palavra o
matadouro: “Alto lá, prefeito Marcelão, alto lá! A Carne Fraca pode pegá eles
lá; muá aqui não, não tem Polícia Federal, nem MP, nem governo Temer, nem
fiscalização da Irlanda, que aponte um taco de carne podre aqui nesse matadouro
de Ipirá. Esse desafio eu faço de cabeça empinada. Não tem nesse mundo quem
aponte uma carne saída desse Matadouro de Ipirá que vos fala neste instante...”
Deu bronca no SOM, vamos ao povo:
- Oh mãe, quem é esses aí? – indagou o filho.
- É o matadouro – respondeu a mãe impaciente
porque queria que o som voltasse a funcionar.
- Esse home aí é o matadô? – pergunta o
menino curioso.
- Ô, seu burro! Esse aí é o prefeito
Marcelão! – respondeu a mãe.
- Não é esse home qui anda de capacete branco
com uma marreta de 25 quilo na mão? Esse
home é matadô ou brocadô? – indaga o filho
- Ô, seu jumento! Tu é rude prá aprendê as
coisa! Prá qui é qui tu ta na iscola? Eu vou ti botá na iscola do Senai do
prefeito Marcelão prá vê se tu dá prá gente! – respondeu a mãe demonstrando
impaciência.
- Ô, mãe! Ipirá tem iscola do Sinai? –
perguntou o filho.
- Ô, seu fie de uma égua com jegue! Tu é tão
apirriento, qui só acredita no qui vê! Tu não viu o home da rádia dizê qui a iscola
do Senai foi inaugurada pelo prefeito Marcelão? Aquilo é qui é iscola, não vai intrá macaco de jeito qualidade, só
vai tê jacu e tu é jacu, intonce tu vai prá lá – afirmou a mãe convencida de
querer o bem do filho.
VOLTOU O SOM. Com a palavra o prefeito
Marcelão: “ Eu acredito no que você está falando, vamos solicitar uma certidão
ao Ministério da Agricultura e requerer um credenciamento para Ipirá entrar
nesse seleto clube de exportador de carne; vamos vender carne de bengo para o
Chile; carne de cachorro para a Tailândia; carne de caçote para a China; carne
de calango para o Camboja e carne de saruê para ...” pifou o SOM, vamos ao
povo:
- Esse matadouro vai dá uma broca no pé do
ouvido desse prefeito, assunte se não vai acontecê! – disse um sujeito macaco
doente.
- Quem? Quem é doido prá dá uma broca no
prefeito Marcelão? Aceita qui perdeu qui dói menos, Esse prefeito Marcelão tem
atitude, já tem é dez obra na cidade em menos de três mês, eu não vou dizê aqui
porque vou levá uma semana citano – rebateu, partindo prá cima, um jacu.
- Eu tô veno é uma Ipirá malamanhada, o
prefeito já começou a atrasá o pagamento de fornecedô, de inquilino, até de
trabaiadô contratado. Onde é qui ele vai conseguí dinheiro prá pagá obra de
telão. Vocês deixa de ser besta, esse matadouro enrola esse povo de Ipirá há
mais de vinte ano e agora vem esse telão enrolar ainda mais. Eu é qui num como
H desse telão – disse o macaco.
- Tu viu mãe o qui o home disse? Disse qui
Ipirá tá mala manhada. O qui é mala manhada, mãe? É coisa boa? – indagou o
menino com uma carritilha de perguntas.
- Tu deixa de sê inxirido, minino! Tu ta
pareceno fie de lumbriga qui não tem nada na cabeça! Tu vai cuidá de tuas
pereba qui é mais negoço, prumode de tu continuá nesse atrivimento eu vou te
arrancá essas oreia de um socovão só, aqui mesmo e, quando chegá em casa, eu
vou te lambê num catiripapo com cansanção qui tu vai se arrependê dá hora qui
te veio a esse mundo – falou a mãe que já estava braba.
Voltou o SOM. Com a palavra o matadouro: “
Ôpa! Não é desse jeito não, playboy! Minha cartilha não é escrita em linha
torta, se não for prá ser Freeeeboi eu tô fora, Freeeecalango é que eu não vou
ser...” Parou o SOM e o povo ficou com a cara prá cima. Será que isso tudo é
verdade ou mentira?
Suspense:
sobrou prá mim. O que é que eu tenho a ver com o desentendimento do prefeito
Marcelão com o matadouro? Nada. Vou fazer minhas contas: são quatro capítulos
2016, mais três atrasados 2017, um total de sete capítulos totalizando 34
capítulos de marretada à torto e pela direita. Eu não agüento mais escrever
esse troço. Será que tudo isso vai terminar em Chiclete e Pissirico. E o
matadouro, nada!
O término dessa novelinha acontecerá no dia
que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou,
imediatamente. Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande
divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.
Observação: essa novelinha é apenas uma
brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo
assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o
povo brinca com eles.
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