Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba
nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo 59 (mês de abril 2019)(atraso de
onze meses) (um por mês)
Quando deu o primeiro pipoco, o Matadouro de
Ipirá saiu de sua casa, quando o último pipoco estava para ser estourado,
encontrava-se na avenida César Cabral, diante do prefeito Marcelão, que gesticulava com os braços para
o alto e o povo aplaudia eufórico: “prefeito Marcelão disse que ia trazer o
asfalto e trouxe, êta prefeito retado!” “Parabéns prefeito!” “Muito bem,
prefeito Marcelão!”
- E com recursos próprios! – Frisou o
prefeito Marcelão falando num tom elevado – e tem mais, vamos subir a avenida
até a praça RC que tá tudo dominado – acrescentou o prefeito Marcelão em sua
alegria incontida.
O Matadouro de Ipirá foi encostando, quando
ouviu um eleitor dizer: “prefeito Marcelão na entrada da praça vamos colocar
uma bomba atômica de foguete” ainda deu tempo de ouvir o prefeito Marcelão
dizer: “não isso não, não tem necessidade disso não!” Em seguida o eleitor jacu
arrematou: “o senhor não pode, mas nós podemos.” O prefeito Marcelão não pagou
a girândola e o foguetório não aconteceu. O Matadouro de Ipirá aproveitou e
perguntou:
- Ô prefeito Marcelão! V. Exa., está fazendo
o asfalto no espaço do projeto do governo do Estado, que mal eu lhe pergunte,
isso não é contra a Lei?
- Eu sou o prefeito da cidade e a maior
autoridade da cidade sou eu, então quem manda nessa cidade sou eu, a voz dessa
cidade sou eu, a lei dessa cidade sou eu. Pode subir a avenida que quem manda
nesse pedaço sou eu.
- Mas, prefeito Marcelão! A licitação dessa
avenida e da praça é do Estado e V. Exa., está fazendo o seu asfalto justamente
no local da obra do governo e quem vai pagar essa conta e como é que sua
prestação de conta dessa obra vai ser aprovada se a obra é irregular?
- V. Pessoa fez uma boa pergunta seu
Matadouro de Ipirá! Eu pago o asfalto com recursos próprios e o Estado paga a
parte dele, não tem a menor importância o local onde o asfalto é feito, o que
importa é que a comunidade ganhou o asfalto do centro da cidade, que era um
desejo antigo da comunidade e eu disse que ia fazer e fiz; fale com o sujeito
do Blog para ele escrever que o asfalto do centro da cidade foi realizado na
minha gestão e que doze anos não fez nem uma borra de asfalto nessa terra.
- Alto lá, prefeito Marcelão! Eu não sou
moleque de recado, eu não tenho nada a ver com esse sujeito do Blog, agora o
que deu para entender pelo meu entendimento, é que V. Exa., acha que o governo
do Estado vai pagar esse asfalto feito por V. Exa., na avenida e na praça e que
V. Exa., vai pagar o asfalto feito pelo deputado Jura na periferia do centro da
cidade, é isso mesmo?
- Oxente, seu Matadouro de Ipirá! O povo está
alegre e satisfeito com o asfalto no centro da cidade, uma obra de minha gestão
e da batalha incansável do deputado Jura, isso eu não posso negar de jeito
nenhum, eu tenho é que lhe parabenizar pelo seu grande empenho; agora porque
aconteceu um errozinho besta no local, V. Pessoa acha que o governo do Estado e
a prefeitura vão ficar criando embaraço,
justamente para prejudicar a prestação de conta. Se eu cometi uma ilicitude, o
governo do Estado também cometeu, porque eles vão fazer a Rua Rui Barbosa e a
Praça do Mercado que não estava no projeto deles, então eles também vão
desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, então seu Matadouro de Ipirá,
para não ficar nenhuma dúvida e ficar na maior transparência, o governo do
Estado paga o projeto deles com aquelas ruas que eu asfaltei e eu pago o projeto
dos recursos próprios com as ruas que o deputado Jura asfaltou. Uma mão lava a
outra, o Tribunal de Contas engole tudo, porque o asfalto foi feito e a
comunidade foi quem ganhou com isso.
- Mas, prefeito Marcelão? No meu pouco
entendimento, V. Exa., cometeu um crime de improbidade administrativa ao não
respeitar a licitação e o projeto do governo do Estado, isso pode ser
configurado em crime por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal; no
meu fraco entendimento, V. Exa., cometeu um ato de ilicitude e suas contas não
serão aprovadas e V. Exa., vai ser obrigado a ressarcir um milhão e
quatrocentos mil do seu bolso porque o dinheiro público foi aplicado
inadequadamente e, além do mais, com sua ação intempestiva, inadequada,
impulsiva e inconseqüente, V.Exa.,
obrigou ao governo do Estado a cometer desvio de conduta e cometer atos
ilícitos desrespeitando a Lei.
- Ora, seu Matadouro de Ipirá! Tô nem aí! O
que importa é que o povo foi contemplado com esta grande obra trazida por mim e
pelo deputado Jura e se pique de minha frente que eu não quero ouvir essa
conversa mole, em abril será a sua vez. Como é meu povo, quem fez o asfalto do
centro da cidade?
A voz da multidão soava estridente: “prefeito
Marcelão! E a macacada vá se f...” O engenheiro da obra chamou o prefeito
Marcelão e fez um comentário: “prefeito Marcelão! Com esse povo aqui em cima
não dá para continuar o asfalto. Eu estou impressionado, nas outras cidades que
a gente tem asfaltado o povo fica dentro de casa por causa da poeira e o fedor,
aqui o povo vem é para cima” responderam: “você ainda não viu nada” e o
matadouro saiu de fininho para a outra obra do asfaltamento.
- Deputado Jura! Que negócio é esse, o
prefeito Marcelão botou o asfalto dele no local do asfalto do governo do Estado
e V. Exa., não diz nada, não toma nenhuma atitude? O que é isso deputado? –
perguntou o matadouro.
- Seu Matadouro de Ipirá! Deixa ele fazer o
dele lá e nós vamos fazendo o nosso aqui, essa é uma obra que o povo de nossa
terra esperava há muito tempo e eu agradeço ao governador De Costa por ter
acatado o meu pedido e eu estou muito feliz em servir ao povo de minha terra.
- Mas, deputado Jura! O prefeito Marcelão não
respeitou a lei e V.Exa., não vai tomar nenhuma medida na Justiça? Como é que
vai ficar a prestação de contas desses projetos se tá tudo embananado?
- Isso tudo se resolve. As contas serão
aprovadas sem nenhum percalço, se houve algum erro no percurso, cumpre-se o que
estava previsto no projeto e fica tudo resolvido. Esse prefeito Marcelão é
danado! Eu quero mim encontrar com ele é nas eleições, aí a gente vai ver quem
é que tem farinha no saco.
- Ô deputado Jura, eu posso lhe fazer uma
pergunta? A macacada vai deixar V. Exa., indicar a vice do grupo, no caso a
pré-candidata Dinina?
- Taí macho, uma coisa que eu quero ver! Depois
dessa obra do asfalto não tem espaço prá mais ninguém; aqui prá gente, não conte
prá ninguém, se a macacada não tiver um pai para esse asfalto a coisa vai pegar
e, nesse caso, o pai é o deputado Jura; se o ex-prefeito Dió ficar criando
embaraço eu posso mim juntar com a jacuzada e essa macacada vai ter condições
de enfrentar dois asfaltos, o do deputado e o do prefeito?
O Matadouro de Ipirá ouviu o que tinha que
ouvir e seguiu para a avenida. A apreciação do folclórico dia da chagada do
asfalta é surreal e o Matadouro de Ipirá anotava tudo. O eleitor A estava
sentado e a poeira tomava todo ambiente fazendo um redemoinho ‘brabo’ em cima
dele, mas ele não arredava: “Daqui eu não saio, eu tenho que ver com esses
olhos, não quero ouvir contado por ninguém, eu quero é ver com esses olhos!”
O eleitor B, pegou uma vassoura e varria a
poeira de seu passeio, a maquina da limpeza jogava toda a poeira de volta ao
passeio, mas B dizia: “aqui, em meu passeio quem manda sou eu e não adianta vim
prá cá não que aqui quem manda sou eu!” O verdadeiro duelo da tecnologia em
plena avenida de nossa terra.
O eleitor C tinha dado o preço de uma casa na
avenida de 500 mil reais, um dia antes. A pessoa apareceu com o asfalto ainda
quente e perguntou: “ô C! como é mesmo o preço da casa? Não dá para fazer 490 mil
não? C deu um pinote: “agora, é 700 mil!” A pessoa tomou aquele susto, mas
indagou: “por que C?” O eleitor C respondeu por cima da bucha apontando para o
chão: “ai, não tá vendo não, é! Aí, você não enxerga não, é?” O eleitor C
estava tão emocionado que esqueceu e não teve jeito para se lembrar da palavra
asfalto.
O eleitor D passou por um grupo de jacus e
disse: “Olha bem! Vocês estão aqui, olhando o asfalto do prefeito Marcelão,
amanhã quando começar o asfalto do deputado Jura não quero ver ninguém lá e
quem aparecer lá vai levar chicotada no lombo, lá tem setecentos chicotes
lambuzado com sebo de carneiro capado prá dá lapiada em jacu!”
O eleitor E era macaco e apareceu de forma
distraída na avenida, a jacuzada apontou: “Olha quem tá ali, um macaco, sai
daqui istrupício de Idalina, que teu lugar não é aqui!” ouviu uma sonora vaia.
O eleitor F acompanhava o maquinário sem
perder um movimento; a máquina andava ele colado; colado e aprendendo, de forma
que por dentro de toda técnica começou a orientar e dar ordem: “ô meu amigo! Você
não está vendo que está fazendo o serviço errado, lado de cá tem um centímetro
a mais do que o lado de lá, aí você tem que compensar o betume de lá prá cá” o
trabalhador indaga: ”o senhor é engenheiro?” e ouviu a resposta: “não, mas
também não sou burro!”
O encarregado da obra chamou o prefeito
Marcelão e perguntou: “ô prefeito Marcelão esse povo daqui não tem uma trouxa
de roupa pra lavar em casa não? Fica todo mundo em cima do trabalho e assim a produtividade
fica prejudicada.”
O Matadouro de Ipirá foi saindo devagarzinho:
“já deu prá mim, eu vou é pra casa.” Foi andando, passando por várias ruas e foi
contando, quando deu fé, tinha passado por quarenta ruas da periferia, todas
elas entregues à poeira no tempo de sol e dominadas pela lama no período da
chuva. Como tudo nessa terra é voltado para a politicagem, o matadouro ficou
pensativo: “será que a comunidade dessas ruas sem calçamento vai cair no conto
do asfalto real, que chegou ao centro da cidade?” Eis uma questão.
- Suspense: Veja que situação: a novelinha tá
de correria, querendo chegar ao mês de março 20 sem nenhum capítulo em atraso.
Um matadouro querendo ser obra e um prefeito querendo não ter problema! Onde
vai parar uma desgraça dessa? O que é que eu tenho a ver com o desentendimento
do prefeito Marcelão com o matadouro?
O término dessa novelinha acontecerá no dia
que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na
hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande
divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.
Observação: essa novelinha é apenas uma
brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo
assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o
povo brinca com eles.
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