quarta-feira, 6 de maio de 2020

MANIFESTO AOS IPIRAENSES E MORADORES DO MUNICÍPIO DE IPIRÁ (parte 1)


Necessário se faz; um entendimento claro deste momento excepcional em que vivemos. São tempos difíceis e de incerteza, com conseqüências duras e imprevisíveis.

Estou procurando mexer com você, com a sua sensibilidade, principalmente, com sua razão. Não podemos desistir da nossa responsabilidade com a vida e com a nossa sociedade diante desta nova situação que estamos vivenciando e que tende a se aprofundar.

O que vem pela frente? O mundo está sofrendo uma mudança repentina e intensa. Muita coisa vai acontecer.

O ataque de um vírus desestabilizou o mundo e trouxe a morte em série. Estamos vivendo uma grave crise sanitária no Brasil. Neste início de 2020, um vírus mostrou o seu poder.

A questão econômica mundial entrou em queda livre para o abismo. Tem cheiro forte de recessão ou depressão. Tem setores se estatelando no chão: aviação, turismo, grandes eventos festivos, etc.

O que esperar de um mundo, onde: ‘1% da população mais rica do globo embolsa o dobro da renda de 6,9 bilhões de pessoas (população mundial de 7,7 bilhões)?’

O PIB de muitos países está caindo igual a umbu no tempo de safra. É praticamente uma queda inevitável. E isso pode ir longe demais, não dá para se projetar um prazo de validade. Há uma porta aberta para a recessão em todo o mundo.

A produção sofre uma contração. As ações das empresas despencam na Bolsa de Valores.

A economia brasileira, que estava estagnada, com uma variação anual do PIB de 1% nos últimos três anos, depois de uma forte recessão em 2015 e 2016, agora, a situação torna-se mais crítica com o início da pandemia.

A questão social entra em parafuso, diante da enorme desigualdade existente e da grande concentração de riqueza em mãos de poucos. Como vai ficar o país em que: ‘seis (meia dúzia) brasileiros juntos concentram a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, 47% da população?’


O liberalismo não apresenta solução para estes momentos de crise aguda. Desemprego em crescimento, falta de renda, pobreza avançando à largas braçadas.

No Brasil, bem ou mal, o Estado assume as ações para minimizar a crise: promove o socorro financeiro de empresas em dificuldade e promove um AUXÍLIO EMERGENCIAL, por três meses, para mais de 50 milhões trabalhadores, podendo chegar a 97 milhões, metade dos trabalhadores em idade de trabalhar, que é de 162 milhões. Depois desses três meses? ...

A ingrisilhada não acaba aqui. Como se não bastasse a crise sanitária e econômica, o presidente Bolsonaro, um arremedo de governo, que está no lugar errado (Palácio do Planalto) na hora errada (crise na saúde), atua como um agitador de caserna, que cria e alimenta uma tensão política, querendo provocar uma crise institucional para atender aos seus anseios autoritários. A corda está ficando esticada. Tudo isso provoca uma grande inquietação.


O quadro que está pintando não é nada promissor. Estou tentando fazer uma análise de uma conjuntura que não vai desaparecer de uma hora para outra, nem se derreterá num único verão. Esse quadro indesejável poderá ter uma longa duração.


A economia de Ipirá, como em todo o Brasil, está sofrendo um baque e vai, sem dúvida, retroceder a um patamar de décadas do século passado. No nosso município, poderemos estar retornando a uma fase de economia primária, onde a pecuária voltará a ser a atividade econômica principal.

A questão número um e mais preocupante de Ipirá é a situação da fábrica de calçados, a maior empregadora do município. O que vai acontecer? Tudo pode ocorrer.

A fábrica vem atravessando um momento delicado, envolvida com uma recuperação judicial no colo, ao tempo que antecipou as férias coletivas e, agora, determinou dois meses sem atividade produtiva, com os trabalhadores em casa e recebendo salário com a ajuda da União (do Estado Nacional). Uma salvaguarda para o momento, mas um péssimo sinal para um futuro próximo.

O aprofundamento dessa crise poderá ser uma guilhotina para a fábrica. Não podemos descartar uma possibilidade de fechamento, embora não exista nenhuma decisão nesse sentido. Tudo poderá acontecer.

Quem vai definir o que virá pela frente é a situação da crise econômica mundial e brasileira. Se a recessão econômica se aprofundar, dificilmente teremos uma atitude diferente do fechamento.

Os operários(as) da fábrica têm que estar em alerta para qualquer eventualidade que venha acontecer. A união e a organização em torno do sindicato da categoria evitará possíveis prejuízos.

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