Necessário se faz; um entendimento claro deste momento
excepcional em que vivemos. São tempos difíceis e de incerteza, com conseqüências
duras e imprevisíveis.
Estou procurando mexer com você, com a sua sensibilidade,
principalmente, com sua razão. Não podemos desistir da nossa responsabilidade
com a vida e com a nossa sociedade diante desta nova situação que estamos
vivenciando e que tende a se aprofundar.
O que vem pela frente? O mundo está sofrendo uma mudança
repentina e intensa. Muita coisa vai acontecer.
O ataque de um vírus desestabilizou o mundo e trouxe a
morte em série. Estamos vivendo uma grave crise sanitária no Brasil. Neste
início de 2020, um vírus mostrou o seu poder.
A questão econômica mundial entrou em queda livre para o
abismo. Tem cheiro forte de recessão ou depressão. Tem setores se estatelando
no chão: aviação, turismo, grandes eventos festivos, etc.
O que esperar de um mundo, onde: ‘1% da população mais
rica do globo embolsa o dobro da renda de 6,9 bilhões de pessoas (população
mundial de 7,7 bilhões)?’
O PIB de muitos países está caindo igual a umbu no tempo
de safra. É praticamente uma queda inevitável. E isso pode ir longe demais, não
dá para se projetar um prazo de validade. Há uma porta aberta para a recessão
em todo o mundo.
A produção sofre uma contração. As ações das empresas
despencam na Bolsa de Valores.
A economia brasileira, que estava estagnada, com uma
variação anual do PIB de 1% nos últimos três anos, depois de uma forte recessão
em 2015 e 2016, agora, a situação torna-se mais crítica com o início da
pandemia.
A questão social entra em parafuso, diante da enorme
desigualdade existente e da grande concentração de riqueza em mãos de poucos.
Como vai ficar o país em que: ‘seis (meia dúzia) brasileiros juntos concentram
a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país, ou seja, 47% da
população?’
O liberalismo não apresenta solução para estes momentos
de crise aguda. Desemprego em crescimento, falta de renda, pobreza avançando à
largas braçadas.
No Brasil, bem ou mal, o Estado assume as ações para minimizar
a crise: promove o socorro financeiro de empresas em dificuldade e promove um
AUXÍLIO EMERGENCIAL, por três meses, para mais de 50 milhões trabalhadores,
podendo chegar a 97 milhões, metade dos trabalhadores em idade de trabalhar,
que é de 162 milhões. Depois desses três meses? ...
A ingrisilhada não acaba aqui. Como se não bastasse a
crise sanitária e econômica, o presidente Bolsonaro, um arremedo de governo,
que está no lugar errado (Palácio do Planalto) na hora errada (crise na saúde),
atua como um agitador de caserna, que cria e alimenta uma tensão política, querendo
provocar uma crise institucional para atender aos seus anseios autoritários. A
corda está ficando esticada. Tudo isso provoca uma grande inquietação.
O quadro que está pintando não é nada promissor. Estou
tentando fazer uma análise de uma conjuntura que não vai desaparecer de uma
hora para outra, nem se derreterá num único verão. Esse quadro indesejável
poderá ter uma longa duração.
A economia de Ipirá, como em todo o Brasil, está sofrendo
um baque e vai, sem dúvida, retroceder a um patamar de décadas do século passado. No nosso
município, poderemos estar retornando a uma fase de economia primária, onde a
pecuária voltará a ser a atividade econômica principal.
A questão número um e mais preocupante de Ipirá é a
situação da fábrica de calçados, a maior empregadora do município. O que vai
acontecer? Tudo pode ocorrer.
A fábrica vem atravessando um momento delicado, envolvida
com uma recuperação judicial no colo, ao tempo que antecipou as férias
coletivas e, agora, determinou dois meses sem atividade produtiva, com os
trabalhadores em casa e recebendo salário com a ajuda da União (do Estado Nacional).
Uma salvaguarda para o momento, mas um péssimo sinal para um futuro próximo.
O aprofundamento dessa crise poderá ser uma guilhotina
para a fábrica. Não podemos descartar uma possibilidade de fechamento, embora
não exista nenhuma decisão nesse sentido. Tudo poderá acontecer.
Quem vai definir o que virá pela frente é a situação da
crise econômica mundial e brasileira. Se a recessão econômica se aprofundar,
dificilmente teremos uma atitude diferente do fechamento.
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