quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CACHORRO MORDENDO O PRÓPRIO RABO.



Assim está Ipirá. Não pasmem! A fábrica de automóveis chinesa vem para Camaçari. A fábrica de processamento de grãos, que é chinesa, vem para Luís Eduardo. A fábrica de beneficiamento de frutas, que não é chinesa, vem para Itaberaba. Não pasmem! Para Ipirá não virá nada, não porque não tenha necessidade, isso temos demais; nem ao menos é uma questão de merecimento, somos bons merecedores; simplesmente, Ipirá não faz parte.



Tem áreas do estado que são pólos de desenvolvimento e com grande potencialidade de crescimento, nestas, haja investimento graúdo e de peso, que geram riquezas e prosperidade.



Outras, são áreas sem ou com pouca propensão para desenvolver e investir alto é jogar dinheiro fora, nestas, haja projetos de cunho assistencialista para manter a população fixa e na linha da sobrevivência pura (moradias populares; quatro ovelhas; a compra da mirrada produção) e simplesmente mal dá para a subsistência; assim sendo, busca-se o congelamento social para evitar-se o inchamento das áreas desenvolvidas, mantendo a população no local e garantindo mão-de-obra desqualificada para os pólos de desenvolvimento.



Ipirá tem essa característica: é um servidor de trabalhadores temporários para o corte de cana e para construção civil. Temos que nos contentar e acostumar com isso, porque é justamente essa vocação que desafoga a nossa panela de pressão social. O dinheiro que corre em Ipirá não vem da produção, vem do governo: INSS é quem mais bota dinheiro em Ipirá 57 milhões e 208 mil reais (2008), segundo lugar é a prefeitura 47 milhões e 527 mil reais (2010); Programa Bolsa Família 9 milhões e 284 mil reais (2008) total 114 milhões de reais. É esse dinheiro que sustenta Ipirá e não a produção: agropecuária 27 milhões e indústria em 29 milhões de reais (2009). O placar que mostra a realidade de Ipirá é: governo 114 x produção 56. Com produção ineficiente e precária teremos uma vida social equivalente, precária, de dificuldade e é isso que faz de Ipirá um lugar pobre.



Pólo de produção transpira desenvolvimento. Centro receptivo de dinheiro público para sustento é esfomeado de progresso. O PIB de Ipirá foi de 144 milhões de reais em 2010, toma uma porrada segura de Luís Eduardo só na agropecuária 215 milhões de reais; se colocarmos a indústria, outra porrada 261 milhões de reais. O confronto do PIB 2010 – Luís Eduardo 553 x 144 de Ipirá. Não é resultado de basquete, é resultado de desenvolvimento contra atraso.



Vamos colocar o PIB da cidade que engole Ipirá, a princesa do sertão: 3 bilhões e 144 milhões (2010) contra 144 milhões de Ipirá. Frente 3 bilhões. Competir com Feira em todos ramos mercantis, no comércio da saúde e da educação é perder tempo. Feira engole Ipirá em tudo, até no pensamento. Feira assombra Ipirá. O único setor que podemos encostar em Feira é na pecuária (Ipirá 27 milhões x Feira 47 milhões), setor que em Feira perdeu prioridade e que Ipirá poderia atrair e dar um impulso, só depende de discussão, projeto e ação. Ipirá é uma cidade atropelada por Feira e sem muitas saídas.



Sem conseguir atrair investimentos e gerar empregos, Ipirá encontra-se num beco sem saída. Tem que manter um espectro social com larga margem de pobreza. 45,42% da população é considerada pobre; 37,54% situa-se abaixo da linha da pobreza, totalizando 82,96% da população em condições de pobreza. 85,5% da população de Ipirá recebe até 1 salário mínimo. Para sentirmos que a coisa é grave, observe que 11.531 pessoas estão cadastradas no Programa do Bolsa Família e tem 7.843 beneficiados. Se colocarmos 3 pessoas por família, teremos metade da população de Ipirá nessa carência. Isso é a prova da pobreza no município. Estamos prisioneiros de um estado de inanição.



Podemos ter 500, 800, 1000 casas populares; sem nenhum emprego teremos mil problemas. Assim é a vida. Estamos em transe. Manter segmentos sociais dentro dos nossos limites e com as nossas limitações é um rabo de foguete. Vivemos um estado de aflição. Com propaganda e de boca não se resolve o problema. Uma figura muito popular em Ipirá (não pedi autorização para divulgar o nome) esteve internada no Hospital de Ipirá para ser encaminhado para Feira ou Salvador e lá não havia vagas. Pasmem! Foi preciso uma ordem judicial para ser transferido. A avó de Arturo Dutra precisava fazer uma cirurgia, aqui não faz, Feira ou Salvador não tinha vaga. Pasmem! A velhinha ficou padecendo no Hospital de Ipirá. Tudo depende de um tal Controle de Marcação, esse é o desenvolvimento que chega à nossa cidade, tão grande quanto a nossa carência, enquanto isso, sofremos na dependência da marcação do cão.



Ipirá é um município de quinta categoria no estado. Não chupa nada. 84% de sua população vive em estado de pobreza, que é alimentada, gerida, mantida e reproduzida por um sistema político caciquista da década de 50 do século passado, atrasado, arcaico, ultrapassado e deformado, que coloca a população submissa e oprimida por um maniqueísmo, o tal do jacu-macaco, que serve para acobertar e dar guarida a meia-dúzia de picaretas.



Ipirá só poderá pensar e visualizar um progresso efetivo, quando eliminar essa camisa-de-força (jacu-macaco) que atrasa e bitola o município, ao não deixar o cidadão ipiraense pensar com liberdade. Pensar em progresso em Ipirá demanda necessariamente da pluralidade e na diversidade de pensamento, ação, idéias das pessoas que aqui moram. Progresso efetivo, só quando você, cidadão ipiraense tiver voz e “querer livre” nessa terra. Ipirá não tem só duas linhas de pensamentos aprisionados a uma paixão cega (jacu-macaco). O futuro de Ipirá pleiteia a abertura e democracia para as idéias de sua gente, foi isso que fez Feira de Santana, Itaberaba, Luís Eduardo progredirem.



É por isso que eu digo que é necessário superar a coisa mais infame que existe em Ipirá, a politicagem do jacu-macaco, que encabresta e manipula sutilmente a população do município de Ipirá. E digo mais, se sua voz já foi ouvida em alguma questão importante em nosso município, não valorize o que escrevo.



2 comentários:

Edilberto Lima Dultra disse...

Agildo. Voçê por ser do meio politico é uma minoria, acima da maioria(de politicos corruptos e desonestos), não canso de te elogiar por saber de sua cultura, sua educação(Principalmente a Familiar) e seu caratér. Mas a classe politica a cada dia me enoja. A corrupção que começa aqui na ponta do Iceberg e não para nos porões do Congresso Nacional(Uma Vergonha Nacional). Sabias as suas palavras a cada dia admiro mais suas crônicas(a verdade que corta a carne de muitos). Parabéns!!! Pois mesmo tendo suas convicções e filiações politicas e ocupando uma fonte de informação poderosa como a net faz a diferença.
POR UMA IMPRESA LIVRE
POR UM JORNALISMO PARTIDÁRIO
Pela IMPESSOALIDADE no Jornalismo!
POR UMA IMPRESSA ÉTICA e com ANALISE CRITICA.....
VIVA A DEMOCRACIA e abaixo a IMPRENSA MARROM!!!!!!!!!!!!!!

Dinalia disse...

Esse seu texto foi de arrepiar, como sempre.Conhecimento é poder. Viva a DEMOCRACIA.