O vice derrubou o prefeito e continua na chapa. O
vice é peso-pesado e continua na chapa, embora não some muita coisa (quem soma é o partido) derrubou o
prefeito que somava muito. O prefeito caiu derrubado pelo vice que não caiu. O
prefeito tinha uma rejeição menor do que o vice, mas quem foi derrubado foi o
prefeito e não o vice. Ambos foram imposições do gestor que sabia que o
prefeito não podia ser e que o vice que eles não queriam teria que ser o vice
porque o gestor queria. Neste instante, o vice continua e não tem prefeito à
vista, do jeito que o gestor pensou, elaborou e não disse para os que não
pensam.
Resultado de tudo isso: os números estão trocados
(vocês entendem o que eu estou dizendo). Cuidado com quem vocês vão colocar ao
lado do governador. Nesta altura do campeonato, faltando 26 dias, o deputado é
o nome mais forte. Infelizmente, haveremos de ver correr rios de dinheiro para
se sustentar um poder e por isso eu fiz essa fábula.
A
FÁBULA INVENTADA E A INVENCIONICE DA VERDADE.
A
travessia era perigosa e difícil. O escorpião queria e tinha que chegar ao
outro lado do rio e não podia fazê-lo, pois não sabia nadar. Era necessário a
ajuda do sapo, bom nadador, para alcançar seu destino. O escorpião argumentava
com muita eloqüência e animosidade que deixava transparecer uma fiel
camaradagem. O sapo desconfiado e assustado, tentou persuadir o escorpião,
dizendo-lhe que não tinha tanta habilidade para nadar com um peso nas costas e
que os dois poderiam morrer afogados. O escorpião desconversou dizendo-lhe que
ainda era cedo para morrer, mas confiava na condição de nadador olímpico do
sapo, que lhe retrucou:
-
Sabe, seu escorpião! O senhor tem um
ferrão que o senhor gosta de usar e muitas vezes, o senhor bota na cabeça que
tem que enfiar o ferrão no meu couro e isso vai ser a minha desgraça.
-
O que é isso seu sapo! Como é que o senhor pensa isso de minha pessoa! Jamais
eu faria uma coisa dessa, pois caso eu assim aja, naturalmente, estarei
provocando minha própria morte, eu não sei nadar.
-
Não é que o senhor está certo, seu escorpião! Suba aqui nas minhas costas que
eu vou transportá-lo para o outro lado do rio.
No
meio do rio, não deu outra, o escorpião enfiou o ferrão no lombo do sapo, que
ferido e perplexo exclamou:
-
Por que o senhor fez isso, seu escorpião?
-
É a natureza, seu sapo! É a natureza.
Um
dos mais criativos chargista brasileiro foi Péricles de Andrade Maranhão,
criador de “O AMIGO DA ONÇA” que era editado na revista “O Cruzeiro”. “O AMIGO
DA ONÇA” resolveu entrar e participar com toda autonomia e poder na fábula que
trata da invencionice da verdade ou da veracidade. “O AMIGO DA ONÇA” tornou-se
um grande concentrador de poder, não por querer, mas devido a sua própria
natureza, e resolveu colocar o escorpião nas costas do sapo, que devia
carregá-lo para o outro lado do rio, onde ficava o poder. Era uma travessia
tormentosa.
O
sapo estava desconfiado do escorpião, este já havia dado uma boa alfinetada no
seu lombo, embora o ferrão tivesse pego de relapada, mas deixando marcas
profundas, daquelas que o tempo não cura. “O AMIGO DA ONÇA” foi quem amenizou a
situação:
-
Seu sapo! Pense bem, nós precisamos do escorpião, ele vai nos ajudar a chegar
lá no poder, ele tem muitos amigos. Faça o seguinte converse com ele e você vai
ver que ele é gente nossa e tá do nosso lado.O sapo conversou com o escorpião, que não deixou de manifestar o seu pensamento de forma sincera:
- O senhor sabe, não é seu sapo! Vamos esquecer o passado, não devemos fazer essa política do rancor, de ódio, da desavença, isso foi coisa do passado. Eu não sei porque o povo fica falando de mim, dois caciques brigaram o tempo todo, depois se uniram e ninguém disse nada, de mim é que ficam falando.
-
É mesmo, seu escorpião! É que o senhor não tem força de cacique, sua força está
no ferrão e meu lombo tem uma úlcera causada por sua ferroada.
-
Vamos esquecer isso, seu sapo! Eu só fiz uma representação com meu ferrão, o
senhor foi que não quis tratar da ferida e deixou correr à revelia, então,
pensando bem a culpa não é minha é sua.
“O
AMIGO DA ONÇA” entrou na pendenga, abrandou as falas e colocou os dois em
posição de foto. O sapo na frente e o escorpião atrás, nas costas do sapo, que
na sua inocência lançou um sorriso sem graça.
Início
da travessia e o escorpião pensando: ”que boa hora de enfiar o ferrão no
toucinho desse sapo, mas isso não pode ser agora, tenho que ter paciência, não
posso me precipitar. Esse sujeito já escapou-me uma vez, mas dessa vez, quando
a gente estiver no poder lá do outro lado e eu sentir firmeza, ele vai ver o
que é bom prá tosse.”
“O
AMIGO DA ONÇA” também, não deixava de
pensar: “ Quando eles chegarem lá no meio do rio, na correnteza chamada TRE,
esse escorpião vai enfiar o ferrão nas nádegas desse sapo e não vai sobrar nem
caco dessa chapa, aí eu vou ter tempo para pensar se eu coloco mico, sagüi,
macaco-prego, gorila, orangotango, chimpanzé e vou ganhar do jeito que eu
quero. Tudo tem que ser do meu jeito, quem manda sou eu e vão ter que me
engolir.”
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