sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A PRAÇA SANTANA.



Vixe, qui o bicho pegou! Não é qui um qué o escândalo da Santa Helena e o outro qué qui levante o tapete da sujeira da Assistência Social! Êta qui o esgoto vai fedê, prá um e prá outro! Isso foi na Ipirá FM. Qui Deus tenha misericórdia! Mas, eu vou por outro caminho. O que eu procuro é estabelecer parâmetros de cidadania esmagada em Ipirá. Você pensa que é difícil? Não é. Ipirá é terreno fértil para essa situação.

Esse problema tem raiz na politicagem que é travada neste município. Politicagem que se consagra no domínio da população pelas oligarquias (jacus / macacos) e perpetua-se no clientelismo eleitoral, ostensivo e avassalador, praticado pelos dois grupos. Nestas condições a cidadania é sonegada por completo, tudo tem como referência o controle do voto e não os direitos da cidadania.

Tudo pelo voto. A Secretaria municipal que tem possibilidade de render mais votos é a Assistência Social. Essa é a “menina dos olhos de votos”, dá voto até “uma zora”. Entrar na lista do Bolsa! Entrar no “sorteio” das casas populares! Descer para consulta em Salvador! Tudo isso pressiona para dar voto. Todo mundo que está envolvido nesse troço corre atrás de votos. Ninguém é inocente e não faz nada por nada.

Esse ano, tem eleições na boca de espera. O prefeito Ademildo vai ter que mostrar que tem voto na agulha. Diomário quando era prefeito, mais desgastado do que parafuso aluído, mostrou uma votação elevada para governador e deputados em 2010. O prefeito atual está tirando uma de João Sem Braço, com o tal de candidato a deputado com prioridade (Jurandy), embolado e misturado com muitos outros (Zé do PT). Veja lá se um troço desse faz sentido. Desse jeito, até o candidato a vereador Delsuc do Raspador fica estourado de voto. Tudo isso acontece porque não é voto de cidadania, trata-se de voto manipulado. Isso leva à cidadania esmagada.

Observe uma coisa. A ocupação do espaço é fundamental para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, até no Pólo Norte. As classes dominantes conquistam, ocupam, defendem e segregam seus espaços (não querem mistura). Essa é uma questão de vida ou morte pela propriedade privada. Para as classes trabalhadoras não fica outra alternativa, vai ter que ocupar e defender seus espaços, isso significa conquista de novos direitos de cidadania. Tem gente que fica “virado do capeta” quando isso acontece, porque toma essa conquista e ocupação como afronta.

Vamos ao ponto onde quero chegar. A Praça de Santana. Antigamente era uma área degradada por ser zona de prostíbulo. Não havia tensão em torno do espaço, pois as elites não queriam e não tinham interesse em despojar quem lá habitava. Com o tempo, apareceram as mudanças e na atualidade faz parte do centro da cidade e é uma área que ganhou valor econômico. Aí, passou a interessar aos donos do poder.

Vou um pouco mais atrás no tempo; na época dos pais, avós e bisavós dos atuais moradores da Praça Santana não era diferente; a conquista e a ocupação do espaço foi a principal dificuldade e batalha daquela gente. Construir uma casa não foi tarefa fácil, tudo era fruto da labuta. Adobe, telha, madeira, porta, janela, fossa, trabalho e suor. Naquele tempo, batalhava-se por melhorias residenciais. As políticas públicas não fizeram a rede de saneamento básico.

As classes mais humildes construíram, com todo esforço, suas casas na Praça do Tanque de Santana, isso significava a conquista do espaço. O terreno daquela casa, a casa, o esboço daquela praça significam uma conquista do espaço pelas classes humildes. Hoje, essa noção de direito ao espaço está bem diferente do tempo dos avós; está mais ampla e complexa; trata-se de um direito a inclusão, a acessibilidade, de mobilidade, de circulação, de vivência, de convivência humana e ocupação de uma praça é um direito extensivo: um direito à cidade em sua totalidade.

Quando os direitos de cidadania se ampliam, o poder público municipal de Ipirá trata de puxá-los pelo cabresto. O ex-prefeito Roberto Cintra fez a doação do espaço social da Praça Santana ao INSS, o ex-prefeito Diomário Sá ampliou a vergonhosa e escandalosa oferta e o atual prefeito Ademildo Almeida quer impor a construção de um grandioso prédio no meio da Praça Santana, num acintoso e estúpido atentado ao direito adquirido sobre o espaço social e público pelas classes mais humildes. O sem-terra e pobre INSS vai grilar a terra da Praça Santana em conluio com essa trempe que fez e faz o jogo de interesses dos poderosos e das oligarquias que dominam esta terra. É assim que esmagam e trituram a cidadania em Ipirá.

Minguar ou subtrair a Praça de Santana significa tirar das classes mais humildes o direito ao espaço amplo, à visão panorâmica, à benfazeja baforada de vento, à tranqüilidade demorada, à larga possibilidade de lazer. A cidade perderá uma praça. Uma pena! Uma pena que o prefeito Ademildo Almeida não tenha a coragem de fazer diferente.

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