quarta-feira, 8 de abril de 2015

É DE ROSCA (7)


É DE ROSCA. (07)
Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 07 (mês de dezembro 2014)(atraso de 5 meses) (um por mês)

A distância entre o prefeito Déo e o ex-prefeito Dió é de 200 km. Um distanciamento elástico e cada vez mais inexpugnável à medida que está chegando a hora da onça beber água. O prefeito Déo tomou a iniciativa e telefonou:

- Alô, ex-prefeito Dió! Quanto tempo! Antigamente você não saia de minha prefeitura; hoje, parece que você esqueceu de mim. Venha prá minha micareta.

- Que é isso prefeito Déo! Eu garanto que V. Exa. não sai de meu pensamento. O problema é que eu estou na maior tranqüilidade aqui em Praia do Forte e aí em Ipirá tem um tal de Chico Gunha que está fazendo barbaridade. Enquanto esse tal de Chico Gunha estiver aí eu não piso meus pés nessa terra.

- É mentira, ex-prefeito Dió! Quem é que prova que tem Chico Gunha aqui? É conversa fiada e você não repita essa conversa, parece que você é contra minha administração.

- É, prefeito Déo! V. Exa. tem que lembrar que eu lhe disse para não botar Chico Gunha no Ponto Cidadão e V. Exa. colocou ele lá.

- É verdade, ex-prefeito Dió! A gente não tem em quem confiar.

- Prefeito Déo, tá me ouvindo? V. Exa. deve ter atitude, faça um Plano Emergencial de Saúde. São Paulo que é São Paulo está colocando tendas para o atendimento às pessoas atingidas pela dengue, porque V. Exa. não recorre ao Estado para que envie médicos para ir de casa em casa, como a gente faz na campanha em busca de voto, mas, desta vez, para cuidar dos contaminados pela dengue. Viu o problema que V. Exa. criou? Fechou as clínicas, agora a cidade só tem um hospital para atender umas duzentas pessoas, com crianças, idosos e pessoas outras, até com outras doenças, talvez até contagiosas, tudo misturado. Se o Ministério Público investigar esse tratamento hospitalar com base no Estatuto da Criança e do Adolescente. V. Exa. se ferra. Como é que V. Exa. quer que eu deixe a maresia de Praia do Forte para chegar até aí? Vou bater três vezes na madeira.

- Não tem nada disso. Isso tudo é conversa mole. Ex-prefeito Dió, escute essa que é boa! Sabe quem Chico Gunha grampeou? O sujeito do blog – quá, quá, quá – agora fica o sujeito do blog querendo que médico atenda em casa; ele tem que vir para o hospital, chegar lá todo troncho, se pegando pelas paredes – quá, quá, quá – e só vai ser atendido uma semana depois – quá, quá, quá – só assim ele aprende a respeitar os poderosos.

- Prefeito Déo! Esse Chico Gunha é perigoso, não dê corda pra esse filhote de mosquito.

- Não é assim, também não, ex-prefeito Dió! Chico Gunha prometeu-me dá duas picadas no locutor, a primeira prá derrubar e a segunda prá enterrar; aí o locutor vira defunto e eu quero ver língua de defunto falar. Se Chico Gunha fizer isso, vou nomeá-lo Secretário de Saúde do Município. Se eu botei um contador, por que não posso colocar Chico Gunha como Secretário de Saúde? Que diferença faz?

- Prefeito Déo! Enquanto Chico Gunha for autoridade em Ipirá eu não piso mais meus pés ai.

- O que é isso, ex-prefeito Dió? Eu sou estrategista em política, quando a gente tiver usufruído de Chico Gunha o suficiente, a gente pega esse elemento, leva-o para o Matadouro de Ipirá, bota-o na cadeira elétrica e passa-lhe o tição, aí vai acontecer o que nunca antes aconteceu na história dessa terra: o Matadouro de Ipirá vai, enfim, funcionar, depois de vinte anos.

- Não, prefeito Déo! Não faça uma desgraça dessa, esse Matadouro de Ipirá não pode funcionar. Ele fechado já mim deu três vitórias e eu quero a quarta, porque sou eu quem vou colocá-lo para funcionar.

- Sai de bolo, ex-prefeito Dió! Sou eu quem vai botar esse matadouro para funcionar e fim de papo.

Suspense: e agora, esse matadouro sai ou não sai?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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