Seja sincero: você sairia de sua residência, neste domingo,
17 de abril de 2016, caso fosse eleições, para dar um voto a Michel Temer para
presidente e a Eduardo Cunha para vice?
Responda com sinceridade: quem foi às ruas nas manifestações
do ‘Fora Dilma’ queria deixar a presidência com Temer e a vice com Cunha?
Essas duas perguntinhas simples servem para desanuviar uma
compreensão correta deste grave momento político. Os manifestantes foram às
ruas contra a corrupção, que tenha ela sido praticada pelo cão, pelo diabo ou
qualquer outro semelhante humano. Exigir a saída de Dilma para deixar Temer em
seu lugar, com Cunha na boca de espera, seria o mesmo que colocar hienas
tomando conta de cordeiros. Neste jogo não tem besta.
O que está acontecendo? O movimento das ruas tinha corpo
robusto, mas não possuía cabeça com objetivo atuante no Congresso Nacional. O
espaço do desenrolar dos acontecimentos vai ser o institucional. É na Câmara
dos Deputados que a farsa foi montada. É nesse monstrengo conservador, onde a idiossincrasia
malévola de Eduardo Cunha encontra guarida e empunha a bandeira do golpismo. A
elite política ganhava um coordenador para o golpe.
Eduardo Cunha, um pombo-sujo da Operação Lava Jato, que
adquiriu o título de sheik da Arábia e medalhão de marajá da Suíça é o
comandante supremo de um processo de impedimento de uma presidenta. Agiu de
forma sub-reptícia nas sombras de suas paixões mais primitivas e por vingança o
chantagista colocou em pauta o que poderia ter engavetado se tivesse havido
correspondência em seus achaques. O impeachment entrou na Ordem do Dia. Os
ratos, lacraias, raposas, traíras, vermes e abutres do poder saíram da moita,
da toca e do porão da política.
Essa era a oportunidade que os abutres do poder precisavam e
espreitavam. O golpe faz parte da cartilha do vale-tudo pelo poder peemedebista
que não tem nenhuma chance de chegar à presidência pelo voto. A vontade dos
manifestantes de rua ficou apenas no bota-fora, o poder está no alvo e sendo
usurpado pelo PMDB de Temer, que saiu do armário e mostrou as garras do
oportunismo ao sentir o cheiro do poder, com um projeto que não sepulta a
corrupção, mas que tem em algum acórdão para esfriamento como uma fonte do
desejo maior que uma reivindicação. Assacaram o golpe.
Eduardo Cunha faz manobras regimentais para a conspiração de
lacaios. Isso não é uma brincadeira sem conseqüências danosas para as camadas
trabalhadoras e populares. Não pensem que não acontecerá mudança com a
imposição de um projeto conservador e neoliberal. Não duvidem que ocorra a
limitação por lei da Policia Federal e do Ministério Público e uma Lava Jato
emperrada em benefícios dos milhares de políticos denunciados.
A votação da admissibilidade será neste domingo, com o Senado
ficará o julgamento. Não existe fundamento jurídico para o impedimento. As
causas apresentadas são as pedaladas fiscais que outros presidentes também
praticaram. Contra Dilma não há objeto jurídico. Ganhar no tapetão é tirar o
respaldo constitucional de 54 milhões de votos. A Lava jato não pode parar de
combater a corrupção nesse País. Veremos até onde ela vai.
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