domingo, 6 de janeiro de 2013

TRANSPORTANDO O ALUNADO PARA A CASA DO CHAPÉU.



É uma situação complicada. Não há transporte para trazer os alunos da zona rural para assistirem aulas da rede estadual, este mês, em Ipirá. É incompreensível. Não tem quem pague o transporte! Imagine se isso é possível. Não tem quem pague a conta do transporte!

A Secretaria de Educação do Estado não se pronuncia a respeito. O Estado faz de conta que o problema não existe e que não é da sua alçada. A Prefeitura Municipal age como se o problema estivesse acontecendo em Quijingue; não quer nem saber. Enquanto isso, mais de duzentos alunos matriculados nas escolas estaduais no município de Ipirá não estão comparecendo às aulas, que não estão acontecendo, porque esses alunos que moram no interior do município não estão comparecendo. Veja que situação. Parece estória da carochinha ou de Neco Atrapalhado de Ipirá: “tem, mas não tem”.

É um descaso completo. O Estado, na prática, nega e sonega o direito dos adolescentes de freqüentar a escola em Ipirá. O Estado negligencia o acesso dos jovens à educação, depois de lhes permitirem a matrícula na rede estadual. Agora, não tem transporte e se virem que o problema é de vocês. Observem que esculhambação! Um poder público que não consegue dar sustentação a uma questão fundamental e elementar para o jovem: o direito à educação.

Um simples transporte, ou seja, algo em torno de 50 mil reais, o que representa, podemos afirmar sem medo, um valor insignificante para o Estado e, de repente, torna-se uma coisa tão difícil que parece que é um dinheiro do outro mundo. É coisa para as pessoas ficarem indignadas. Com tanto dinheiro saindo pelo ralo, não é possível suprir um montante ridículo desse.

Tem mais, não adianta esperar pela Prefeitura Municipal, porque não é um problema de sua responsabilidade, mesmo sendo um problema que está acontecendo no município de Ipirá. É incrível como as coisas acontecem neste país. Ninguém é responsável por nada. Até um gasto público num montante tão insignificante é “joga prá lá que o mandu é teu”. Se a Prefeitura Municipal de Ipirá está tão deficitária e não pode arcar com esta despesa do seu parceiro na política, o governo estadual, pelo menos, tome a iniciativa de cobrar junto às autoridades estaduais uma solução para o problema que atinge parcela significativa da juventude rural de Ipirá, que não pode sofrer as conseqüências devido a uma negligência de quem tem por obrigação de suprir os encargos determinados na Lei. Ou esses jovens não são merecedores desta atenção e disposição do poder público municipal? Mesmo não sendo responsabilidade do poder municipal, não deixa de ser um problema do mesmo.

É um desrespeito à Lei. Os órgãos públicos não querem obedecer à Lei, embora afirmem que a educação é uma prioridade e um princípio fundamental para o desenvolvimento da nação. Fico pensando no balaio de quermesse que querem transformar a educação em Ipirá. Quando quem tem a obrigação de resolver o problema não o faz, dá margem para que apareçam as mais estapafúrdias soluções. Já ouvi de “boas bocas”: “não é nada não, é só passar um trabalho para eles fazerem em casa, depois eles entregam na quarta-feira, que é quando tem transporte e recebem suas notas”. Eu só posso dizer o seguinte: “Ô lá em casa! Que saudade de uma quitanda da educação que vendia diploma a preço de banana”. Aquilo é que era tempo.

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