Uma coisa eu posso garantir: não tenho o
Evangelina como meu santuário. Não estou na defesa de qualquer santuário e
defendo, contra qualquer pretexto, a liberdade de expressão e de pensamento em
qualquer situação.
Reportei-me ao Sistema Educacional do
nosso País e deixei bem claro um fato que para mim não existe dúvida: no Brasil
tem escola para rico e escola para pobre.
Já se foi o tempo em que escola
particular era o desafogo para o aluno em dificuldade no ano letivo; eram três
‘P’ (papai pagou, passou). A escola pública tinha notoriedade e valor, como o
Estadual em Feira, o Central em Salvador e outros mais. Hoje, os papéis
inverteram-se, a escola pública perde em excelência para a rede privada.
A escola em que trabalho, o Evangelina,
é um colégio para filhos das classes trabalhadoras e camadas populares. Estamos
do lado de baixo da moeda e, por isso, o alunado dessa escola deve dobrar o
interesse e a responsabilidade. Coloquei isso de forma aberta.
Infelizmente, o sistema burocrático que
controla a educação é impositivo e imperativo. Não escuta a comunidade, impõe. O
Sistema tem colocado Ipirá em segundo plano e não atende às reais necessidades
educacionais do nosso município.
Fugindo à regra, na década de 1970,
Ipirá ganhou a Escola Polivalente. Na época, uma grande estrutura educacional
em todos os sentidos. Os salários defasados fizeram os profissionais da
educação debandarem do Polivalente. Aos poucos essa escola foi sendo
depreciada.
Na década de 1980, o município de Ipirá
foi contemplado, pelo Sistema, com um vergonhoso Curso de Administração de
Nível Médio, o tal do Colégio João Durval, defasado, deficiente e um
faz-de-conta, que nem prédio próprio tinha. Era uma coisa esdrúxula que
funcionava no Polivalente. Acabou e ninguém sentiu falta.
No governo Wagner, o Polivalente foi
sendo transformado em CETEP do Território. Uma decisão que ninguém sabe se vai
surtir efeito duradouro. Essa é a grande questão. Na minha avaliação isso
significou uma pá de cal no Polivalente. Essa foi uma atitude, de cima para
baixo, da burocracia do governo. Perguntaram qual era a posição dos
professores? Indagaram alguma coisa ao alunado? Perguntaram ao povo de Ipirá se
era esse tipo de escola profissionalizante que Ipirá queria? Será que era isso
que a população precisava? Será que tem campo de trabalho para todos esses
alunos profissionalizados? Fizeram essas e outras perguntas?
Mas, veio. A decisão de trazer a escola
profissionalizante veio de cima e não deram a menor atenção aos interessados no
processo. Desceu goela abaixo do jeito que o governo bem entendeu. Quando os
professores se deram por avisados a mudança já estava na gaveta e consolidada.
Escola Profissionalizante de Nível
Médio que goza de grande aceitação e referência de boa qualidade de ensino são
as escolas federais. Ipirá perdeu a disputa da Escola Federal de Tecnologia do
Semi-árido para Serrinha. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
– IFBA – Instituto Federal da Bahia foi para Itaberaba (foto acima). Nas últimas
décadas, Ipirá não recebeu do Estado da Bahia, nem ao menos, uma escola modelo
‘tipo’ Luís Eduardo. Sobrou e empurraram o CETEP. Essa é ou não é a nossa
realidade?
Será que a Universidade Aberta é o que Ipirá
precisa? Pintadas tem essa universidade há quase dez anos. Fico com a impressão
de que o jogo está na base do “quem não tem cão caça com gato” mesmo que o gato
seja magrelo, famélico e debilitado. O município de Ipirá não tem sido
considerado no aspecto do ensino de nível superior pelo Estado, nem para
receber uma unidade de ensino superior vinculado à UNEB; pública, gratuita e
presencial. Ipirá merece e muito.
Falei do Sistema. Não comento sobre
atuação de colega-professor, seja ele quem for. Não professo a idéia de que o
professor é o culpado pela deficiência na educação. Não sou favorável à Lei da
Mordaça em sala de aula. Este blog tem um link de comentários como um espaço
para as pessoas, que assim o desejarem, coloquem seus pontos de vista e não há
necessidade de ninguém se esconder como faker. Fiz uma crítica ao Sistema
Educacional. Não defendo santuário, motivo pelo qual não sei onde está a
questão antiética.
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