quarta-feira, 26 de março de 2014

SANTUÁRIO E A LEI DA MORDAÇA.


Uma coisa eu posso garantir: não tenho o Evangelina como meu santuário. Não estou na defesa de qualquer santuário e defendo, contra qualquer pretexto, a liberdade de expressão e de pensamento em qualquer situação.

Reportei-me ao Sistema Educacional do nosso País e deixei bem claro um fato que para mim não existe dúvida: no Brasil tem escola para rico e escola para pobre.

Já se foi o tempo em que escola particular era o desafogo para o aluno em dificuldade no ano letivo; eram três ‘P’ (papai pagou, passou). A escola pública tinha notoriedade e valor, como o Estadual em Feira, o Central em Salvador e outros mais. Hoje, os papéis inverteram-se, a escola pública perde em excelência para a rede privada.

A escola em que trabalho, o Evangelina, é um colégio para filhos das classes trabalhadoras e camadas populares. Estamos do lado de baixo da moeda e, por isso, o alunado dessa escola deve dobrar o interesse e a responsabilidade. Coloquei isso de forma aberta.

Infelizmente, o sistema burocrático que controla a educação é impositivo e imperativo. Não escuta a comunidade, impõe. O Sistema tem colocado Ipirá em segundo plano e não atende às reais necessidades educacionais do nosso município.

Fugindo à regra, na década de 1970, Ipirá ganhou a Escola Polivalente. Na época, uma grande estrutura educacional em todos os sentidos. Os salários defasados fizeram os profissionais da educação debandarem do Polivalente. Aos poucos essa escola foi sendo depreciada.

Na década de 1980, o município de Ipirá foi contemplado, pelo Sistema, com um vergonhoso Curso de Administração de Nível Médio, o tal do Colégio João Durval, defasado, deficiente e um faz-de-conta, que nem prédio próprio tinha. Era uma coisa esdrúxula que funcionava no Polivalente. Acabou e ninguém sentiu falta.

No governo Wagner, o Polivalente foi sendo transformado em CETEP do Território. Uma decisão que ninguém sabe se vai surtir efeito duradouro. Essa é a grande questão. Na minha avaliação isso significou uma pá de cal no Polivalente. Essa foi uma atitude, de cima para baixo, da burocracia do governo. Perguntaram qual era a posição dos professores? Indagaram alguma coisa ao alunado? Perguntaram ao povo de Ipirá se era esse tipo de escola profissionalizante que Ipirá queria? Será que era isso que a população precisava? Será que tem campo de trabalho para todos esses alunos profissionalizados? Fizeram essas e outras perguntas?

Mas, veio. A decisão de trazer a escola profissionalizante veio de cima e não deram a menor atenção aos interessados no processo. Desceu goela abaixo do jeito que o governo bem entendeu. Quando os professores se deram por avisados a mudança já estava na gaveta e consolidada.

Escola Profissionalizante de Nível Médio que goza de grande aceitação e referência de boa qualidade de ensino são as escolas federais. Ipirá perdeu a disputa da Escola Federal de Tecnologia do Semi-árido para Serrinha. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFBA – Instituto Federal da Bahia foi para Itaberaba (foto acima). Nas últimas décadas, Ipirá não recebeu do Estado da Bahia, nem ao menos, uma escola modelo ‘tipo’ Luís Eduardo. Sobrou e empurraram o CETEP. Essa é ou não é a nossa realidade?

Será que a Universidade Aberta é o que Ipirá precisa? Pintadas tem essa universidade há quase dez anos. Fico com a impressão de que o jogo está na base do “quem não tem cão caça com gato” mesmo que o gato seja magrelo, famélico e debilitado. O município de Ipirá não tem sido considerado no aspecto do ensino de nível superior pelo Estado, nem para receber uma unidade de ensino superior vinculado à UNEB; pública, gratuita e presencial. Ipirá merece e muito.

Falei do Sistema. Não comento sobre atuação de colega-professor, seja ele quem for. Não professo a idéia de que o professor é o culpado pela deficiência na educação. Não sou favorável à Lei da Mordaça em sala de aula. Este blog tem um link de comentários como um espaço para as pessoas, que assim o desejarem, coloquem seus pontos de vista e não há necessidade de ninguém se esconder como faker. Fiz uma crítica ao Sistema Educacional. Não defendo santuário, motivo pelo qual não sei onde está a questão antiética.

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