domingo, 19 de outubro de 2014

PRIMEIRO TURNO.


Ipirá tem 43.517 eleitores inscritos, para uma população de 62 mil habitantes. No primeiro turno de 2014 compareceram 32.454 eleitores. Em Ipirá, sempre, votam de 30 a 34 mil eleitores. Faltaram, precisamente, 11.063 eleitores.

11.063 pirulitaram, não deram as caras com a urna. Quando a Justiça Eleitoral contabiliza somente os votos válidos, significa que passou a borracha nesses 11.063, ou melhor, botou na mira para comer uma multa, insignificante, mas uma multa. A cidadania estaciona entre liberdade de não ir lá e a obrigação de ir lá para justificar ou pagar uma multa posteriormente.

11.063 é um número representativo, constituem 18% da população e 25,42% de eleitores. Dois candidatos a prefeito tiveram 13 mil votos em 2012. Esse número dá para eleger pelo menos 5 vereadores, por baixo. Incrementando esse número vamos colocar mais 10,65% de eleitores que foram lá apertar o teclado da urna e depositaram branco 2,72% e 7,93% apertaram teclas e mais teclas do teclado, que ficou azuretado e anulou os apertos. Vivemos assim: 11.063 nem lá foram; 884 foram para apertar o branco e 2.574 para anular ou errar; errando ou acertando. Total 14.524, maior do que a votação dos dois prefeitos, individualmente, em 2012.

43.517 menos 14.524 temos um total de 28.993 decidindo, pois a borracha é esfregada nos 14 mil que é praticamente a metade dos 28. E vamos por aí, sem compreender muito bem as coisas, porque os números mantém sigilos insondáveis. O que fizeram ou estavam fazendo esses 11.063 que não bateram na porta das urnas? Quem sabe?

Uma parte deve ser pela idade avançada que traz limitações físicas, desde quando os olhos não enxergam e, muitas vezes, os dedos trêmulos não deixam executar o que a consciência, que não está morta, escolheu. Uma criança poderia executar essa vontade, mas não é permitido a abreviatura do status de cidadania no momento que ela lentamente sucumbe.

Os motivos são vários e variados; da saúde ao não querer. O que os números não querem expressar é a deficiência desse nosso Ipirá, que expurga mais de 10 mil pessoas que não encontram meios de sobrevivência no nosso terreiro. 11.063 não compareceram. Não são números dos retirantes de pau-de-arara ou do êxodo massivo devido ao aperto da fome. É a migração à conta-gota, um hoje outro amanhã.

11.063 não compareceram; a grande maioria por estarem distantes, nos canaviais e usinas do agronegócio; nas construções de edifícios das grandes cidades; nas fábricas e campos construindo riquezas no Trabalho e no estudo, ou seja, abraçando oportunidades que nosso torrão não lhes dá. As nossas limitações constituem a identidade do nosso atraso.

Quem mora próximo, talvez não tenha tido a motivação necessária para apreciar uma urna, ou não teve ânimo para remover a distância. Eleições para Presidente da República, o cargo mais elevado desta nação e ... e... e... e... um bate-boca a nível de prefeito de Ipirá. Desconstruções; denúncias; armações; manipulações; comparações; muito pobre o debate. Afinal de contas podemos considerar triste, muito triste se, por acaso, essas figuras viessem governar Ipirá. Enquanto isso, vamos ao segundo turno.

 

Nenhum comentário: