quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Aldous Leonard Huxley (5)


Nascimento – 26 de julho de 1894
                          Godalming – Surrey - Inglaterra
Morte – 22 de novembro de 1963 (69 anos)
                    Los Angeles
Nacionalidade - Britânico
Ocupação -  Escritor e filósofo
Gênero Literário – Ficção científica
Obra-prima – Admirável Mundo Novo

Contraponto (Point Counter Point) (é a obra de nossa referência). Esta postagem não é uma crítica literária, nem de longe pensar nisso, mas um relato sobre aspectos que me chamam atenção na boa literatura.
Acompanhe  o extraordinário diálogo entre Lucy e Walter:

- Romântico, romântico! – escarneou ela. – Tens uma maneira tão absurdamente antiquada de pensar nas coisas. Matar e tripudiar sobre cadáveres e amar e o mais que segue. É ridículo. Por que não andas logo de fraque e plastrão?... Procura ser um pouco mais moderno.

- Prefiro ser humano.

- Viver modernamente é viver rapidamente – continuou ela. – Não podes carregar contigo um vagão cheio de idéias e romantismo nestes tempos. Quando viajamos de avião, devemos deixar para trás as bagagens pesadas. A velha alma de antanho sentava muito bem quando se vivia vagarosamente. Mas é pesada demais para os nossos dias. Não há lugar para ela no avião...

- Nem mesmo para um coração?   – perguntou Walter  – não me preocupa muito a alma –Já uma vez se preocupara com ela. Mas agora que a sua vida não consistia em ler filósofos, ele estava um pouco menos interessado nela. – mas o coração – ajuntou -, o coração...

Lucy sacudiu a cabeça.
- Talvez seja uma pena – concedeu ela – mas tudo tem o seu preço. Se gostamos da velocidade, se queremos ganhar terreno, não podemos levar bagagem. Trata-se de saber o que queremos, e de estarmos prontos a pagar o preço devido. Eu sei exatamente o que quero; assim, sacrifico a bagagem. Se te agrada viajar num caminhão de mudança, viaja. Mas não esperes que eu te acompanhe, ó meu suavíssimo Walter. Não esperes que eu leve o teu piano de cauda no meu monoplano de dois lugares. (pág. 210)

Fantástico esse diálogo entre essa personagem forte e determinada  que é Lucy e seu amante Walter, que está amarrado ao romantismo. Um diálogo elaborado na década de 20 do século passado, mas que manifesta de forma aguda e precisa, pela sua semelhança, o espírito de vida da atualidade, quando ressalta de forma impressionante o viver humano rápido, passageiro, momentâneo, frenético e descartável, dentro de um paradigma de angústia e ansiedade, mas sem o tormento do pecado.

Lucy exprime um estilo de vida com convicção, domínio, de quem faz o que quer e como quer, com liberdade plena e consciente, dentro das condições e possibilidades  que lhe são oferecidas, sempre com um passo adiante e tendo na sua individualidade o bem supremo, a finalidade e o fundamento da sua vida moral. Distanciou-se da tradição. Não tem tempo a perder, nem pode perder tempo, a vida transformou-se no existencialismo imediatista, no aqui agora, no explicitar o conteúdo e as características da plena fruição.

A personagem Lucy formalizou a plenitude desse utilitarismo do prazer individual por meio de sua extensão e compreensão impecável. Em poucas palavras sistematizou com profundidade um estilo de vida que a nova geração pratica, na maioria das vezes, sem dá conta e sem fazer a menor reflexão. O autor conseguiu captar esse sentimento em profundidade, daí a sua grandiosidade.

Seu nome: Aldous Huxley.
Fontes: Os Imortais da Literatura Universal / Wikipédia.

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