domingo, 22 de março de 2015

O PICO DO APAGÃO.


Todos os dias, constantemente, das 18 h às 19 h, acontecem picos de energia em Ipirá. Uma coisa inexplicável porque não era para acontecer. Inexplicável porque a Coelba não dá a menor explicação sobre o que está ocorrendo. Explicação e solução, nem uma coisa nem outra. Aliás, a Coelba não dá a menor satisfação ao povo de Ipirá; não está nem aí; que Ipirá exploda.

Antes que Ipirá exploda pelo descaso da Coelba não custa nada relembrar o tempo que não havia esses picos de energia na nossa terra. Era o arraial do Camisão e a escuridão noturna era ‘braba’; a noite era noite escura que não dava para vê a ponta do nariz, mas a alegria era esfuziante quando a Praça da Igreja era iluminada pela Lua para a fuzarca da criançada e o regozijo dos adultos. Imagine: a praça banhada pela claridade do luar e pela sombra na beira das casas perfiladas.

Esse romantismo dos períodos de Lua cheia vai esvaindo-se porque o Camisão vai ficando moderno. A iluminação a querosene é aplicada por um diligente cidadão que, todos os dias, por volta das 18 h, acendia as luminárias, ou melhor, os fifós que eram colocados nos postes de madeira. Imagine: o querosene era importado; o cidadão vinha com uma vara com uma tocha acesa e acendia os fifós, uma hora mais tarde, o mesmo cidadão vinha com uma vara com um cone na ponta e abafava a chama, apagando-a. O Camisão era engolido pela escuridão. A Coelba é diligente e prestimosa nos picos de energia das 18 h.

O Camisão vira Ipirá, aí a coisa muda de configuração. Um motor à óleo é instalado onde hoje é a seda da Liga e a luz em postes de ferro clareava as ruas, até o sinal através de três picos de energia, de dez em dez minutos, por volta das 10 h, para que as pessoas apressassem os passos para chegar em suas casas, porque no terceiro a escuridão da noite engolia Ipirá. Imagine: Um motor enorme à diesel, não sei se americano ou alemão, fazendo um barulho do cão e dois homens trabalhadores dando luz à Ipirá, Alcides depois Justo. Tudo cronometrado: ‘corre que a luz vai embora’ no terceiro pico, já era. Os picos da Coelba a gente não sabe prá que desgraça serve.

Ipirá encontra o progresso energético na década de 1970 e a energia de Paulo Afonso ilumina Ipirá, dia e noite. De lá para cá, a Coelba já foi privatizada. Ipirá contribui com uma grana gorda para os cofres da Neoenergia, dizem que é a maior investidora do setor elétrico brasileiro, com investimentos acumulados de mais de 24 bilhões de reais, mas, infelizmente, essa Coelba não tem o menor respeito pelo povo ipiraense, pois não toma a menor providência para contornar e eliminar uma situação vergonhosa para o município e vexaminosa para a comunidade que tem que suportar diariamente esses picos de energia.

Atenção, excelências que se acham autoridades em Ipirá, esse é mais um gargalo do nosso município. Ipirá não tem condições de ser pólo de coisa alguma, pois não tem uma matriz energética capaz de dá condições de se chegar a tal patamar. Ipirá é uma potência defasada.

Um comentário:

Lennon disse...

Agildo,você nos ilumina!!!