Desta vez foi na Praça do Mercado. A primeira língua soltou um disparate: “que telhado mais baixo”. Outras não perderam a oportunidade: “ nesse prédio só vai entrar anão”; “olha como o teto dessa loja é baixo”; “quem já se viu isso, parece que foi feito prus baixim da Xuxa”.
Eu já estava fervendo e percebi que era o momento ideal para dar uma resposta categórica àquela língua e sem perder tempo fui dizendo:
- Os baixinhos da Xuxa serão bem-vindos, não só eles como a própria Xuxa.
Eu estava aliviado, mas a língua não se deu por vencida e falou com petulância e o nariz arrebitado:
- Us baixim pode entrá, agora a Xuxa não vai cabê ai dentro, vai ter que ficar de cócoras.
Pensei: “tenho que dar uma resposta taxativa” e fui dizendo:
- Você não está dizendo coisa com coisa e, desde já, eu vou adiantar para você, mesmo sabendo que não tenho satisfação nenhuma a dar a sua pessoa, que se entrar aqui a pessoa mais alta do mundo e sua cabeça encostar no teto, essa pessoa vai ganhar um carro zero.
Eu esperava ter finalizado a conversa com essa frase. A língua não esmoreceu e veio com mais veemência na defesa do que dizia:
- Olha só! Logo não tá vendo que o chinês não vai sair da China para vir à Ipirá, para ganhar a merreca de um prêmio desse. Como é que ele vai cabê nesse carro? Como é que ele vai levá esse carro pra China se Ipirá não tem mar? Só de gasolina de Ipirá prá China ele vai gastar o preço de uns dez carro? Só numa cabeça de vento como a sua é que uma idéia de jegue dessa pode sair.
Não deu tempo de dizer: “Venha cá”. Ela já estava dobrando o beco de Tonho de Tino.
Aquilo deixou-me estressado, aborrecido e com sangue na boca. Não demorou dez minutos, outra língua lançou o desafio que eu queria:
- Oxe! Qui prédio mais derrubado é esse; prédio bom é aquele da Praça da Bandeira, que entra até os buneco de Olinda.
Achei ótima aquela oportunidade e estava doido para quebrar aquela língua no meio, fui dizendo com um sorriso sarcástico nos lábios:
- Oh, dona! Eu vou fazer uma pergunta pra dona e gostaria de ouvir a sua resposta se for possível a dona me dar uma resposta: logo não tá vendo que um boneco de Olinda não vai sair de Olinda, em pleno carnaval, para vir para Ipirá? Fazer o que? Eu acho que a dona devia pensar um pouco antes de abrir a boca.
- Os buneco de Olinda não compra camisa não? Não compra calça não? Não compra sapato não? Se em Ipirá tem loja que eles possa entrá, então, eles vem prá Ipirá, basta ter loja prá eles entrá qui eles vem; agora uma coisa é certa, nesse prédio mixuruca é que eles não entra. Passe bem, que eu não priciso de suas conversa.
Fiquei pensando: “língua de gente é madeira de dar em doido”. Essa semana é que essas línguas ociosas, abelhudas e que se intrometem em assuntos alheios vão se descabelar. Mas, antes que eu esqueça, vão tomar naquele lugar.
Um comentário:
Olá Agildo!!!
Tenho como sempre acompanhado seu blog e postado algumas matérias suas em meu Twitter,a propósito, ja fez o seu??Se não providencie logo,não fique de fora,beijão.
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