Eu
estava em casa, quando chegou um amigo, ligado à jacuzada, estando ele muito
esbaforido, foi gritando: “Oh, Agildo!” Ele entrou avexado e falando rápido,
foi dizendo: “Escreva aí, no dia 10 vai acontecer uma bomba em Ipirá que a
cidade vai tremer. Do dia dez não passa. A pessoa que me falou, garantiu e
mandou eu apostar o que eu tiver, porque o Fórum vai decidir os processos
contra a prefeita.”
Eu
fiquei com aquilo martelando na minha cabeça: “Dia 10 de julho é o Dia D”. Até
que chegou o dia 10, o dia esperado, e logo pela manhã tudo dentro da
normalidade, nada fora dos conformes.
Seria mais um dia de leseira e paradeiro na cidade, se não fosse
longínquo pipocar de foguetes; um distante pipocar de foguetes que vai
aumentando o barulho à medida que se aproxima do local em que eu estava. Corri
para a Avenida: “que diabo é aquilo que vem lá?”
O
barulho de foguetes estrondava e balançava a Avenida. Vinha um congregado
subindo a César Cabral. Um carro de som à frente, a música de Roberto Carlos
sobressaia-se “Só pode ser Jesus”, logo atrás, muitas motos e bandeiras
brancas, conseguí visualizar os nomes garrafais escritos nas bandeiras:
“CHAPADA” , automaticamente, fiz uma analogia, raciocinando rápido: “Chapada,
só pode ser CONEXÃO CHAPADA” e falei alto: “CONEXÃO CHAPADA! só pode ser
Marcelo Brandão”. As pessoas ao lado pararam espantadas e eu ciente da certeza
transmitida pelo que eu via, ainda disse: “Foi Marcelo Brandão que tomou a
prefeitura.”
Tome-lhe
pipocar de foguetes: “Pô! Pô! Pôpopo!”, a música de Roberto Carlos vinha
estridente: “essa luz, só pode ser você”. Passava carro, passava moto; passava
carro, passava moto; mais bandeira; coloquei os óculos, enxerguei o nome com
letras menores: “da Sorte”. Parei na real, o nome Chapada não tinha conexão,
conectava com “da Sorte”, era “Chapada da Sorte”.
Procurei
as pessoas ao meu lado, tinham descido pela avenida e eu fiquei pensando: “Que
mico! Desse jeito, as pessoas vão pensar que o Dia D foi o dia que Marcelo
Brandão virou prefeito tirando um macaco do poder na tora”, continuei pensando:
“Que mico! Que fora da desgraça foi esse que eu dei!” e continuei pensando: “Imagine
que Marcelo Brandão foi derrubar um macaco na prefeitura, chegando lá encontrou
um mico, ficou com pena e deixou o bichinho lá!”. Isso não virou um mico porque
eu não falei com ninguém, agora o que eu quero ver é meu amigo para ele
destrinchar a sua conversa, porque sobre a bomba do dia 10 de Julho, eu não
entendi nada.
O
dia 10 de Julho ainda não estava perdido. Lá vem outro desfile, dessa vez, da
prefeitura de Ipirá. Mico é um troço desse! Colocar duas máquinas para desfilar
pela cidade com uma faixa de promoção da grande, exclusiva e inusitada
conquista. Parece que estava escrito mais ou menos assim, é que passou tão
rápido que não deu tempo de copiar: “Máquinas conseguidas devido ao prestígio
do prefeito Ademildo, à parceria e ao alinhamento político com o governador
Jaques Wagner e com a presidenta Dilma”.
Vários
municípios da Bahia receberam essas máquinas, alguns mais de duas. Até
adversários políticos fizeram jus ao pleito ou ao presente. O exemplo dá para
tirarmos algumas conclusões, uma delas, deixa claro, que o município de Ipirá
está bem distante da agenda de obras dos governos estadual e federal no quesito
obras relevantes e importantes, estamos situados na esfera de programas
assistencialistas, de pequeno vulto, mas com forte apelo eleitoral. Até então,
nada que signifique impulso para o desenvolvimento vigoroso e determinante do
município, mas, simplesmente, manutenção em um patamar de nível de subsistência
sem sair do reino da necessidade.
Que
transformem a promessa em obra: saneamento básico; UTI; SAMU; Fábrica de carro;
asfalto; SAC; faculdade; Escola Técnica Federal; matadouro; parque de vendas de
animais.
O
Ipirá da nova gestão é um verdadeiro mico. Vive entre a verdade e o que causa
indiscrição irrefletida ou a indignação consentida. Soube, não sei se é verdade
ou indiscrição, que a prefeitura comprou terreno a 20 mil reais a tarefa; da
mesma forma, soube que a prefeitura perdeu 200 km de asfalto por não
ter quem soubesse fazer um projeto. Como é que se vai acreditar numa zorra
dessa?
Não
soube, eu vi um abaixo assinado da prefeitura para o PONTO CIDADÃO ser na Praça
da Bandeira, e anexo, consta um fax de uma “gerente de assunto não sei de que”,
“nem pra que”, toda-poderosa, que determina que tem que ser na praça. Uma
pessoa que não mora em Ipirá, não conhece os problemas desta cidade, não
vivencia dessa realidade, no entanto, vem impor o que ela acha, sem levar em
conta aspectos sociais, culturais, econômicos, históricos, tradicionais,
estruturais de nossa cidade. E o pior, parece que o prefeito se curva e acata
de forma submissa os desígnios dessa gerente.
Essa imposição poderá ser o grande mico do gestor atual. Um conhecido perguntando a um vereador como ia o prefeito da cidade, ouviu um solene argumento de que: “o gestor estava aprendendo a administrar; no início, ele mostrava-se marrudo e marrento, mas agora ele estava mais manso e cordato”. Não é fácil modelar um macaco; tarefa boa para uma gerente e vereadores. Esse será o maior mico de Ipirá.
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