Vou começar por Brasília, pelo Congresso
Nacional, quarta-feira, 14/10/13, votação para aprovação do piso salarial
nacional de 950 reais para os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de
Combate à Endemias. Fiquei impressionado com os argumentos dos líderes do governo
que afirmaram que a União não tinha como manter esses salários e que só havia
condições se os municípios arcassem com esse custo. Entenda uma desgraça dessa!
A União que concentra toda a arrecadação do país não pode pagar; os municípios,
com pires nas mãos, é que podem? Durma com um barulho desse e diga que a noite
foi um sossego. Pense em seu sono.
Saindo de Brasília chegamos ao município.
Cá o couro está comendo, porque a Prefeitura Municipal de Ipirá está demitindo
um certo número de funcionários municipais. O prefeito argumenta que é para
haver um ajustamento entre a folha do pessoal e a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Onde eu quero chegar? Na argumentação do
prefeito Ademildo pelo programa do rádio: “que sempre aconteceram demissões em
Ipirá neste período e que essas demissões são normais.” Também pelo rádio, o
prefeito disse que as demissões já foram discutidas, explicadas e justificadas.
Até agora eu não participei desse debate e quero dar meu palpite. Não sei onde é
que está a normalidade, mas é o mesmo que dizer que “pimenta nos olhos dos
outros é refresco.”
É tudo por causa da Lei. A Lei é quem leva
a culpa. Demite-se porque é necessário chegar a 54% na folha. Engraçado é que
essa preocupação em encaixar esse limite na folha só vale para o final do ano
fiscal, para outubro, novembro e dezembro, depois desse período, volta-se
admitindo os que foram demitidos. Entenda um troço desse! Isso é que uma coisa
fajuta.
A análise da situação não pode ficar
simplesmente reclusa à Lei. Vejamos: o prefeito tem conhecimento da Lei, mas
mesmo assim, ele entope a folha de pessoal da prefeitura de cabo-eleitoral e
eleitores do grupo. Quando chega o final do ano ele tem que desentupir a folha,
aí tome-lhe demissão. Veja que malandragem, ele consegue enrolar a Lei por mais
de nove meses. Que Lei é essa? Essa Lei é
uma brincadeira! E o funcionário demitido? Fizeram do funcionário um
puxa-estica.
Como? Não é assim? Vou colocar de outra
forma: No período eleitoral, o grupo que está no poder (jacu ou macaco) enche a
prefeitura de cabo-eleitoral e a folha ultrapassa o limite. Acontece a
necessidade de ajustar o índice, demite-se funcionários. Depois de janeiro,
volta a admiti-los. Enrola-se os funcionários e a Lei; cria-se um clima de tensão
entre o funcionalismo com tamanha irresponsabilidade. Entenda isso tudo como
uma esculhambação.
A discussão termina aí? Não. O prefeito
pode até argumentar que não vai ser preso por causa dos funcionários, que são
demitidos para salvar o prefeito. O prefeito é o artista, o sabido, o rei, o
poderoso; enquanto o funcionário é o bobo da corte, o babaca, o tolo. Quem tem
culpa no cartório?
O prefeito encurralado e pressionado pelo
líder político do grupo, pelo fato de estar fazendo demissões de seu pessoal,
procura uma outra maneira para baixar o
valor do volume de salários e atingir o índice: corta as comissões dos cargos
de confiança por vários meses e incrementa uma política rigorosa de corte de
vantagens; de arrocho salarial; tem até o boato de devolução de gratificações,
coisa nunca vista ou imaginada. Tem até boato de que quem tem 40 h na Educação
vai perder 20. Não acredito que isso vá acontecer.
Onde é que o calo dói? Na vida dos
trabalhadores, digo eu. E você diz: “no pé?” Onde está o pé? O pé de tudo isso é
a campanha milionária que se faz em Ipira. Aí é que está o mal de todos os
males.Quanto é o custo verdadeiro de uma campanha em Ipirá? Quem banca a
campanha? De onde vai sair o dinheiro para bancar uma campanha?
É isso que eu quero que você entenda. A
campanha de Ipirá é milionária e suicida. Quem ganha a eleição acha que é da
prefeitura que deve sair o dinheiro para pagar a dívida da campanha, pode ser
jacu ou macaco. Pelo bem de quem a candidata Ana iria gastar uma dinheirama
para eleger um prefeito petista? Só na boca-de-urna, no sábado, foram mais de
300 mil reais. Quem vai pagar a conta? Você diz: “a prefeitura.”
Eu vou mais longe e digo: “os gastos da campanha
vencedora quem paga é você, funcionário municipal e professor; é você que não fez
nenhum conchavo nesse sentido; é você que foi demitido e seu salário vai sobrar
nos cofres; é você, diretora, que vai ficar sem receber sua comissão x tempo.”
Entendeste como é o lance.
Quem é o sacrificado neste grande “negócio
eleitoral” que é entregar uma prefeitura ao esquema de jacu ou macaco para
governar Ipirá, é você que foi demitido, seja lá por que tempo; você que teve
sua comissão cortada por alguns meses. Você que tem seus salários arrochados
porque quem está com mais de 54% não pode conceder nem 0,01% de aumento.
Entenda essa zorreta, porque vão dizer-te que a lei não deixa.
Eu quero que você entenda bem esse negócio
cavernoso que é a prefeitura de Ipirá nas mãos de jacu e macaco. Onde está o
rombo de qualquer prefeitura neste país? Não é no salário do funcionário. Você,
funcionário, nunca recebe além dos seus direitos e do seu salário mensal. E por
incrível que pareça, a Lei está vigiando acompanhando com rigor a massa
salarial. A Lei está de olho nos 54%. Os funcionários municipais são
prejudicados e sofrem por isso. São penalizados pela incompetência dos gestores
e pelo esquema de patifaria.
Onde está o rombo de qualquer prefeitura
neste país? Está no superfaturamento das obras; nas licitações de serviços como
o lixo, remédios, transporte, festas, informática, etc.; nas compras de
materiais e serviços. Nestas áreas a Lei não morde como deveria morder e é por
essa e outras que você vê empreiteiros, comerciantes, prestadores de serviços,
empresários colados na prefeitura e nenhum deles quer ser funcionário público e
você em sua ingenuidade pensa: “é para participar de esquema.” Não, não é! É
para não ser demitido e não ter a comissão cortada.
No leilão do campo gigantesco de Libra, no
pré-sal da bacia de Campos, o Brasil está entregando 80% do petróleo e ficará
com 20%. Tem gente que diz que é um ótimo negócio. Péssimo para a saúde e a
educação do País que depende dessa grana. Neste final de semana, no Hospital de
Ipirá, faltou uma seringa para dar uma injeção numa criança. Observe que isso
ainda não foi denunciado pelo Conexão Chapada. Tudo isso é culpa do pré-sal.
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