A
metáfora do vereador no programa da Câmara de Vereadores na Rádio FM: “Os
vereadores de Ipirá parecem leões adormecidos, não sabem a força que têm. Vereador
de Ipirá não serve para ser candidato a prefeito como em outros municípios”.
Uma constatação fácil de entender.
O
vereador e o cabo-eleitoral são as peças mais importantes no esquema
oligárquico que domina Ipirá. A grande maioria do eleitorado, principalmente o
jovem, não conhece os chefes das oligarquias políticas de Ipirá, se conhece não
tem acesso, se tem acesso é restritivo. O vereador é quem tem contato direto, constante,
permanente e com acesso aberto e escancarado para atender as necessidades
prementes desse eleitorado.
O
assistencialismo e o clientelismo são a alma do controle do voto. O porreta é o
chefe da oligarquia, agora quem domina o voto é o vereador. A conclusão é
simples: o vereador é quem tem voto. A pergunta é mais simples ainda: e por que
o vereador não serve para ser prefeito? Porque não pertence à cúpula das
famílias que controlam o esquema e não tem poder, mas é a peça chave da
manutenção e reprodução do sistema oligárquico.
A
metáfora do vereador foi a do “leão adormecido”. A metáfora do blogueiro é a do
“vaqueiro”. Toda fazenda grande tem dono, capataz, administrador e vaqueiro.
Cada vaqueiro conhece pessoalmente o rebanho de mil a duas mil cabeças. É quem
está de olho em cada cabeça, é quem tem intimidade e conhece cada mania e a
mutreta de cada unidade. É quem tem o controle para o rebanho não dispersar e
não acontecerem perdas. O vaqueiro está marcado para ser eternamente, enquanto
vida tiver, ou melhor, voto tiver, o vaqueiro. Está consagrado para ser o que é
no sistema: a alma da coisa sem saber a
força e a importância que tem.
Metaforeando
podemos dizer que Ipirá é uma fazenda controlada por oligarquias (três famílias),
que criaram um esquema de bipolaridade, com dois grupos (jacu e macaco) para
não perderem o controle férreo e absoluto. Antônio Colonnezi é o dono da
macacada. Luiz Carlos Martins é o herdeiro da jacuzada. Jurandy Oliveira é o
ilustre beneficiado desse sistema. Diomário Sá é o capataz e Ademildo Almeida é
o administrador que busca mostrar serviço para ser agraciado. O vereador é o
vaqueiro. O povo é quem está condicionado a ter o comportamento de gado.
Metaforeando,
podemos dizer que o vereador é o burro de carga desse modelo de dominação, leva
quatro anos cuidando diuturnamente e benevolentemente de cada cabeça, fazendo
das tripas, coração, para manter o rebanho no cercado e, de quatro em quatro
anos, prestar contas tim-tim por tim-tim, para o agrado do dono da fazenda: “
lá no meu roçado teve mil e duzentas cabeças”. Os donos da fazenda adoram isso.
Precisam disso. Se não fosse isso o dono da fazenda estaria em maus lençóis; só
e somente só, os vaqueiros podem dar conta dessa sustentação.
Deixando
de lado as metáforas, o papel principal do vereador em Ipirá é sustentar e
manter um sistema oligárquico que não permite que ele ultrapasse esse limite e
essa condição a que está sujeito. O trabalho mais importante do vereador é a
prática da assistência ao eleitorado que está no seu controle. O vereador é
cria do sistema, seu trabalho alimenta e reproduz esse mesmo sistema. Isso é o
paradigma da loucura ou do vício sem saída, porque o assistencialismo é muito
caro, requer muito dinheiro, que ultrapassa e muito os proventos do vereador,
daí o apelo ao administrador municipal para a situação. Os opositores se viram
como podem.
No
sistema oligárquico não tem abertura. O vereador será sempre o vereador, desde
quando ele se preste a fazer o que a oligarquia desenha para o seu ofício.
Obediência e subserviência. Não ao administrador, mas ao sistema oligárquico.
Caso contrário, o sistema muda o vaqueiro. Esse jogo de metáforas é
incompreensível e não é fácil entender o que se quer das coisas,
principalmente, quando o vereador diz que é macaco e vai continuar macaco, se
fosse jacu seria a mesmíssima coisa, pois é justamente o mecanismo jacu e
macaco que não deixa nenhum vereador de Ipirá nem pensar em ser candidato a
prefeito.
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