segunda-feira, 17 de novembro de 2014

METAFOREANDO.

O vereador Jaildo do Bonfim jogou a gasolina, eu acendi o fósforo e você fica imaginando “pegou fogo!”. Não! Não pegou fogo, nem explodiu, simplesmente, vieram à tona metáforas.

A metáfora do vereador no programa da Câmara de Vereadores na Rádio FM: “Os vereadores de Ipirá parecem leões adormecidos, não sabem a força que têm. Vereador de Ipirá não serve para ser candidato a prefeito como em outros municípios”. Uma constatação fácil de entender.

O vereador e o cabo-eleitoral são as peças mais importantes no esquema oligárquico que domina Ipirá. A grande maioria do eleitorado, principalmente o jovem, não conhece os chefes das oligarquias políticas de Ipirá, se conhece não tem acesso, se tem acesso é restritivo. O vereador é quem tem contato direto, constante, permanente e com acesso aberto e escancarado para atender as necessidades prementes desse eleitorado.

O assistencialismo e o clientelismo são a alma do controle do voto. O porreta é o chefe da oligarquia, agora quem domina o voto é o vereador. A conclusão é simples: o vereador é quem tem voto. A pergunta é mais simples ainda: e por que o vereador não serve para ser prefeito? Porque não pertence à cúpula das famílias que controlam o esquema e não tem poder, mas é a peça chave da manutenção e reprodução do sistema oligárquico.

A metáfora do vereador foi a do “leão adormecido”. A metáfora do blogueiro é a do “vaqueiro”. Toda fazenda grande tem dono, capataz, administrador e vaqueiro. Cada vaqueiro conhece pessoalmente o rebanho de mil a duas mil cabeças. É quem está de olho em cada cabeça, é quem tem intimidade e conhece cada mania e a mutreta de cada unidade. É quem tem o controle para o rebanho não dispersar e não acontecerem perdas. O vaqueiro está marcado para ser eternamente, enquanto vida tiver, ou melhor, voto tiver, o vaqueiro. Está consagrado para ser o que é no sistema:  a alma da coisa sem saber a força e a importância que tem.

Metaforeando podemos dizer que Ipirá é uma fazenda controlada por oligarquias (três famílias), que criaram um esquema de bipolaridade, com dois grupos (jacu e macaco) para não perderem o controle férreo e absoluto. Antônio Colonnezi é o dono da macacada. Luiz Carlos Martins é o herdeiro da jacuzada. Jurandy Oliveira é o ilustre beneficiado desse sistema. Diomário Sá é o capataz e Ademildo Almeida é o administrador que busca mostrar serviço para ser agraciado. O vereador é o vaqueiro. O povo é quem está condicionado a ter o comportamento de gado.  

Metaforeando, podemos dizer que o vereador é o burro de carga desse modelo de dominação, leva quatro anos cuidando diuturnamente e benevolentemente de cada cabeça, fazendo das tripas, coração, para manter o rebanho no cercado e, de quatro em quatro anos, prestar contas tim-tim por tim-tim, para o agrado do dono da fazenda: “ lá no meu roçado teve mil e duzentas cabeças”. Os donos da fazenda adoram isso. Precisam disso. Se não fosse isso o dono da fazenda estaria em maus lençóis; só e somente só, os vaqueiros podem dar conta dessa sustentação. 

Deixando de lado as metáforas, o papel principal do vereador em Ipirá é sustentar e manter um sistema oligárquico que não permite que ele ultrapasse esse limite e essa condição a que está sujeito. O trabalho mais importante do vereador é a prática da assistência ao eleitorado que está no seu controle. O vereador é cria do sistema, seu trabalho alimenta e reproduz esse mesmo sistema. Isso é o paradigma da loucura ou do vício sem saída, porque o assistencialismo é muito caro, requer muito dinheiro, que ultrapassa e muito os proventos do vereador, daí o apelo ao administrador municipal para a situação. Os opositores se viram como podem.

No sistema oligárquico não tem abertura. O vereador será sempre o vereador, desde quando ele se preste a fazer o que a oligarquia desenha para o seu ofício. Obediência e subserviência. Não ao administrador, mas ao sistema oligárquico. Caso contrário, o sistema muda o vaqueiro. Esse jogo de metáforas é incompreensível e não é fácil entender o que se quer das coisas, principalmente, quando o vereador diz que é macaco e vai continuar macaco, se fosse jacu seria a mesmíssima coisa, pois é justamente o mecanismo jacu e macaco que não deixa nenhum vereador de Ipirá nem pensar em ser candidato a prefeito.

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