domingo, 30 de novembro de 2014

O MODELO DO ATRASO.


Ipirá é um município do semi-árido nordestino. A grande maioria da população sobrevive no varejo, ‘fazendo das tripas o coração’, como diz o dito popular. Predomina o Reino da Necessidade, um ambiente propício à grandes espertezas. Nessas condições, a politicagem oligárquica sedimenta-se e cria limo.

O poder oligárquico é controlado por uma família ou um pequeno grupo. O poder municipal em Ipirá é oligárquico, disputado em um esquema bipolarizado (jacu e macaco) com uma terceira força (Renova) buscando afirmação.

O esquema oligárquico envolve e se alimenta de uma rivalidade fictícia, bem arrumada e disposta na paixão, ódio, raiva, interesse, compaixão, na inconsciência e na despolitização. É dessa forma que a coisa se reproduz.

As oligarquias não dão prego sem estopa, sabem muito bem o que desejam e o que disputam: seis a oito milhões de reais mensais na conta-corrente da prefeitura. É vida ou sacrifício, vale tudo. A base é o jogo de interesse e o ponto mais forte dessa disputa é o assistencialismo para manter um cabedal de votação, isso custa os olhos da cara; acompanha o clientelismo e o paternalismo para a montagem de um contrato em mão dupla: amparo e protecionismo em troca de voto.

O problema é que a paixão deixou de ser cega e a fidelidade ganhou preço. Para bancar esse sistema com vereadores e cabos-eleitorais tem que ter muito dinheiro para disponibilizar. Neste aspecto, ganha força e consistência a frase: “ganha política quem tem dinheiro para gastar”. Decifrando em outras palavras: “tem voto quem gasta dinheiro fazendo assistencialismo”. Criaram um monstro e o bicho está engolindo o criador. Virou coisa de doido ou de trambiqueiro.

Nesta conjuntura, apareceram grupelhos de espertalhões que se prestam ao serviço sujo e menos sujo da campanha, mas que se configura em crime eleitoral, para mostrar serviço ao grupo e depois participarem do banquete. Serviços públicos são entregues a essa gente em troca dos feitos. A particularização do público é feita em nome do grupo que estiver na situação. Essa turma está se dando bem e satisfazendo seus interesses pessoais à custa do público em nome do grupo.

Voto de cabresto; curral eleitoral; astúcia e artifício de grupelhos da esfera secundária; satisfação de interesses pessoais. É assim que o sistema está posto. Um modelo com custo elevado. Um sistema caro; viciado e desgastante; corrupto e corruptor. Tudo isso bancado com o dinheiro público. Nestas condições o município não alcançará o progresso.

Ipirá está enroscado no bote do atraso. A jacuzada é um grupo genuinamente endógeno e tradicionalmente oligárquico; fechado em seu núcleo aristocrático; não se abre. Dificilmente estas características terão sucesso numa disputa de poder. A impermeabilidade não condiz com os novos tempos. Estão a doze anos fora do poder, visualizando dezesseis. Perderam por mais de dois mil e a última por 49; o que não apaga o mais de dois.

A macacada abriu-se e corre risco de esquartejamento. Quando disponibilizou-se e atraiu Diomário para ser o candidato tomou o poder e manteve a sequência por doze anos, prova de que aliança e coligações são fatores que não podem ser desprezados. Enveredou por um erro crasso ao forjar uma candidata que não era do ramo, deu no que deu, a prefeita eleita  preferiu a auspiciosa, brilhante e bem sucedida carreira de médica, do que ficar nesse lamaçal que é a politicagem de Ipirá. Se assim entendeu foi uma banana bem dada para a macacada. Desgastada a liderança oligárquica, Diomário e Ademildo botaram olho gordo no espólio.

Fizeram Ademildo prefeito. Um sanfoneiro em festa de rock. Faz de tudo para agradar as oligarquias do grupo macaco. Faz de tudo para tomar ou comer sopa de macaco pelas beiradas. Com tudo isso não deixa de demonstrar seu conservadorismo arraigado quando acabou uma praça para beneficiar o paupérrimo INSS, porque foi um terreno cedido pelas oligarquias.

É muito cheiro de personalismo no ar. Não deixa de querer ser o que não é, quando fica no discurso “nunca houve nessa terra”, aplicado até com a seleção de futebol, quando diz: “nunca uma seleção foi tão longe”. Vou dar três exemplos: a seleção de Ipirá que perdeu para Senhor do Bonfim lá dentro; a que empatou de 2 x2 com Serrinha aqui dentro e a que perdeu de 2 x 0 quando Santo Amaro invadiu Ipirá. Se não foi, uma coisa é certa, esse governo não é petista é macaquista.   

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