Notícia de segunda mão, porque quem fez a comunicação foi o
próprio Dió. Nesse momento, eu senti um entusiasmo no nosso amigo. Penso eu,
não sei se estou certo, que Dió está vivenciando um momento existencial muito
profundo e faz uma reflexão minuciosa de sua passagem pela terra, de forma que
os problemas de saúde fazem parte do seu lamento, mas uma força rejuvenescedora
explode de forma salutar quando Dió expõe que pretende implantar um INSTITUTO
em Ipirá para palestras, debates e formação política e ideológica dos jovens.
Eu fico indagando: será que esse Dió foi buscar essa idéia no
fato de Lula ter o Instituto Lula e Fernando Henrique ter o Instituto FHC? Eu acredito
que não, penso, que Dió está mergulhando profundamente na sua própria vida e
nesta raiz está visualizando aquele rapaz com uma pasta de mão, com duas mudas
de camisa, vestindo uma calça Lee surrada e cingida, entrando 5:30 h da manhã no
ônibus da empresa Feirense, com destino a Salvador, transportando a alegria de
uma tarefa cumprida em tempos obscuros, mas que, o jovem militante do Partidão
soube executar com exímia aptidão e aquela célula estava em pleno
funcionamento.
Essa idéia de um INSTITUTO não nasce em quem enxerga pela
frente apenas as últimas primaveras. O Velho Dió já passou por estradas e
manteve as coisas nos trilhos; já enquadrou muita gente no pensamento estreito,
servindo ao sistema oligárquico de Ipirá. Quando o vigor começa a desfalecer,
ai bate o drama da consciência que nos joga para o tempo da juventude
destemida, imbirrenta, rebelde, sonhadora que quer tocar fogo no céu em busca
de liberdade, democracia e igualdade social. O INSTITUTO DIÓ só pode ser
resultado desse encontro. Caso contrário será uma farsa.
O velho Dió de hoje, choroso e moribundo, buscando ser
preenchido, indo buscar esperança de um rejuvenescimento na sensibilidade e imagem
sonhadora daquele jovem idealista que buscava mudar o mundo, mas foi desprezado
lá atrás. O velho Dió já chegou onde tinha que chegar, alcançou tudo que podia
alcançar. Nesta fase da vida, deve ter consciência de que precisamos muito
pouco para viver. Em nossa trajetória acumulamos muito entulho que não serve
para nada. Não precisamos de centenas de camisas, sapatos, etc. e tal. Aquele
jovem Dió ficou no meio do caminho. O INSTITUTO é uma célula e a célula o
reencontro.
Aqule jovem idealista Dió foi indo, se distanciando da causa,
foi sendo neutralizado, amordaçado gradativamente, desfigurado, encurralado e
finalmente morto naquela perspectiva de uma vida intelectual apaixonada e
interiorizada no hábito da luta libertária.
Na estimativa maniqueísta da província, o Dió que ficava, ia
sendo domesticado por Ipirá, ia sendo enquadrado na moldura opressora de uma
politicagem de oligarguias, foi se adaptando e se conformando. Agora, na fase
final da vida, a liberdade daquele jovem Dió vem incomodar e ser o pote de
esperança que o velho Dió necessita.
Oh, Dió! Não esquenta a cabeça não, gente fina! Tu tens muita
culpa no lombo para se redimir porque foram muitas gerações de ipiraenses que
não encontraram um caminho e foram travadas por tua ação oportunista nesta
terra, mas o arrependimento nunca será infrutífero. O INSTITUTO poderá ser um
primeiro passo.
Que o rejuvenescido Dió não venha com esse INSTITUTO para
cabalar eleitores para macacos e jacus, porque esses elementos conseguem-se
através do reino da necessidade e do jogo de interesses pessoais. A questão é
outra, a questão é de liberdade de consciência e o jovem Dió entendia com
perfeição dessa causa.
Um comentário:
Muito bom Agibaldo!
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