Esse Dió, tá aprontando alguma coisa! Eu estou achando que
essa liderança mor não está querendo suar a camisa na campanha da macacada.
Também pudera, Dió anda meio desencantado com o mundo. Se liga, Dió! Que onda é
essa, meu ‘mui’ amigo? Observei que Dió ficou mais animado quando ele fez
referência à Ipirá, aí ele ficou com outro astral. Pensei : “ Será que esse
sujeito ta querendo dá a quarta cacetada na cabeça do jacu? Se dé, mata!”
Ele disse que na campanha vai ficar na coordenação, quer
dizer, na moita. Olha a esperteza do sujeito! Para se embrenhar na caatinga,
andar por cima de rastro de sapo cururu e pisar em rodilha da cascavel, que vá
o candidato Aníbal; no dia do comício do governador Rui na cidade, que vá o Dió.
O sujeito quer dar somente o nome e seu notável prestígio. Falou em dar sangue,
ele apresenta a desculpa da saúde combalida.
Tudo, agora, ele joga para cima da doença e da idade. Eu
penso, embora não tenha nada com isso, que Dió tem que retornar para fincar os
fundilhos em Ipirá, também, eu continuo pensando, mesmo sem ter nada com isso,
que Dió não pode ficar em Ipirá sem uma lavagem de roupa, ele vai ter que fazer
alguma coisa. Vamos ter que arranjar algo para que Dió preencha seu tempo.
Pensei, bem pensado, e observei que vai ter uma grande
oportunidade para Dió em Ipirá: ser âncora do programa Conexão Chapada e eu,
naturalmente, o seu peru (não sou locutor). O povo sentando a ripa no prefeito:
”esse elemento só sabia falar!” Dió fazendo suas análises contundentes e
gabaritadas e eu com meu bordão: “Dió tá certo ou Dió está falando a verdade”
Porque não sendo assim, eu não imagino qual seria o futuro do programa. Seria
um Conexão Charlatão com uma chapa-branca no peito? Aí, não tem graça! Esse
emprego do Dió tem que dá certo. Nós compraremos o horário, não vamos deixar o
programa Conexão ficar com uma chapa-branca na lataria.
Dió, também, pode virar palestrante e viver de palestra. Não
dá certo? Por que não? Bill Clinton pode, Lula pode e por que Dió não pode? O
preço de uma palestra de Dió vai ficar um pouco abaixo da de Clinton e um pouco
acima da do Lula. Eu vou ser mais preciso: havendo palestra dos três, eu
escolho a do Dió. Numa palestra do Clinton eu não vou entender nada; Lula já caiu
no meu conceito, não estou a fim de aprender malandragem e Dió não, esse
sujeito tem coisa a dizer que derruba até nave espacial fora da órbita da
Terra.
Com tanta lamentação de Dió, fica parecendo que ele quer ir
embora dessa vida e para o meu desespero, eu sonhei que eu e Dió tínhamos ‘batido
as botas’ e estávamos indo para o inferno, o maior centro de tortura criado
pela inteligência humana, com sofrimento contínuo, permanente e eterno. Quando
botamos nossas caras na entrada, ouvimos aquela voz: “Há,há,há! Esses dois aí vão
direto para as profundas, há, há,há!” Lá ele! Um sonho pancadão desse, entorta
qualquer um. Bate três vezes aí na madeira Dió, que eu já bati do lado de cá.
Ô Dió! Vou te dizer uma coisa: “se a gente tiver que ir para
um martírio daquele, a gente que nunca se uniu aqui nesta terra, vamos ter que
nos unir naquela broaca, porque a fervura é de lascar”. Tu viu quanto pilantra
tem lá dentro? E quanta gente conhecida? Aqueles umas e outras! Eu apostava que
aquela galera tinha ido para o céu e os bichos tão lá naquela gemedeira! Fique
calado, Dió! Não decline nenhum nome, senão a coisa vai esquentar prá cima dos
nossos lombos. Lá ele com esse sonho; chega prá lá trem ruim.
Para não ficar parado com a cara prá cima, Dió poderia
escrever um livro. Eu seria o seu secretário, digitador, diagramador, porque,
tenho certeza, viria um conteúdo de levantar poeira, abalar o universo e
esquentar a frigideira. Eu não tenho dúvida que Dió conhece profundamente toda
a podridão do jacu e macaco em Ipirá; tudo, tim por timtim. Daria para escrever
dez mil páginas, um verdadeiro dossiê Lava Jato da província de Ipirá, mas
poderia ser feito em mil páginas um verdadeiro inquérito processual para
levantar o lamaçal que representa jacu e macaco na administração de Ipirá. Com
isso, Dió conseguiria se redimir dos momentos de omissão, da famigerada complacência,
do incondicional e submisso apoio.
Olhando por esse lado a situação de meu ‘mui’ amigo Dió não é
nada confortável. Ele está com um pé na mangueira e outro na jaqueira. Não é só
fazendo esse livro que a barra ficará limpa não. Esse livro seria uma espécie
de longa e perfeita confissão, uma espécie de mea-culpa; pela gravidade tem que
ser num confessionário, com o papa Francisco na escuta, eu com um gravador
captando tudo e Dió na sua tranqüilidade e frieza absoluta mandando vê, lendo o
bê-a-bá; expondo o que há de podre no ninho do jacu e nos galhos da macacada e
o mundo desabando.
Não se incomode com isso não, Dió! O que vale é expurgar
todos os pecados que se tem nas costas e ficar purificado, leve e solto. Um
verdadeiro passe para limpar e aliviar a alma dessa testemunha impar e que pode
fazer um estrago com um buraco do tamanho do mundo nessa galhofa de jacu e
macaco, bem maior até, do que o estrago feito pelo irmão de Collor na Republica
collorida; do que a do Delcídio do Amaral poderia fazer na República petista e
Eduardo Cunha poderá fazer na República brasileira. Eu só desejo coisa boa para
o meu ‘mui’ amigo Dió.
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