O
discurso da jacuzada sobre o desenvolvimento rural de Ipirá está infinitamente
surrado e ultrapassado, de um jeito que dá dó. Mantém uma insistência visceral
em relação à existência de uma pseudo bacia leiteira, como se leite no
semi-árido fosse uma possibilidade aberta. Não o é, por diversos fatores, que a
Nestlé elencou-os, esse é um primeiro ponto.
Agora,
que voltou ao poder municipal, ao discurso da jacuzada é acoplado à produção de
mel, porque a abelha tem uma substância (não disseram qual) pra ser exportada
para a Europa. Pense que: ‘você está sonhando entrando no Céu, ao mesmo tempo
que está dormindo e sendo futucado pelo capeta’. Nem leite, nem mel é receita
no semi-árido, nas condições de estiagem, atraso, abandono, carência,
dificuldade, pobreza e falta de recurso como está o município de Ipirá. Pode
servir como complemento, muito mais como um adendo.
Não
se pode levar a vida toda batendo a testa na parede e ficar achando que não vai
aparecer um calo, é o que acontece em Ipirá. O problema da produção e da
produtividade na zona rural de Ipirá é do tamanho da nossa cabeça carregada de
chifre de pai de chiqueiro e que tem que ser desmochada e não tem quem tenha
interesse em fazê-lo.
Ipirá
tem como base de sustentação a pequena propriedade e a agricultura familiar,
sem grana no bolso para bancar as estruturas necessárias para organizar uma
estrutura de produção no semi-árido; então a coisa vai sendo levada na base da
calça-curta e vamos que vamos. Os custos no semi-árido custam os ‘olhos da cara’.
Se o produtor adquirir alguns vícios, que vire vício, nesse caso, adeus Corina,
já foi o que deveria ser.
Agora,
eu vou fazer um desafio e uma provocação ao prefeito do município de Ipirá,
Marcelo Brandão, da gloriosa jacuzada, que está doidinha por uma fatia do bolo.
Se o prefeito Marcelo Brandão não quiser ficar sendo levado pela cabeça de
alguns poucos, nesta questão da produção rural de Ipirá, organize um seminário
específico sobre Ipirá, com o pessoal daqui, que tem experiência e vivencia os
problemas e dificuldades neste setor.
Um
seminário, num sábado e domingo, sem custos para o poder público, com a
presença do prefeito municipal e dos dirigentes dos sindicatos dos
trabalhadores rurais e patronal, onde estejam os produtores, e que haja espaço
para palestras de pessoas da lida do campo, como Marcos Navarro e Wilson do
Banco do Brasil para falarem do leite; Dicinho, Fúlvio e Cesar do Sindicato
para falarem de mel; eu, Genezito e Bezourão para colocarmos o problema de
forma ampla e geral; e tem outras pessoas com grande capacidade para este
debate em nosso município. Tope essa parada, prefeito Marcelo Brandão! E vamos
ver se Ipirá tem condições de assentar a poeira na sua zona rural.
Porque
não adianta ficarmos pensando no cooperativismo fracassado da década de 1980;
nem no dinheiro do Estado para fazendeiro de carro de luxo tomar 500 mil reais
e ser anistiado, como era no tempo da ditadura. Era dinheiro a fundo perdido
para um fundo da produção mais perdido ainda. Não deu em nada para o setor
produtivo. Nada disso existe mais.
Hoje,
estamos num beco sem saída: não existe dinheiro fácil como na década de 1970,
quando o Banco do Brasil chegou aqui e não tem quem produza nos níveis de juros
altos que estão vigorando no Brasil. Não é uma situação tranqüila e fácil, em
que as alternativas estejam à vista. É necessário que se encontre a receita
caseira.
O
Poder Público Municipal tem que ser um parceiro nessa empreitada, mostrando sua
competência e eficiência em organizar, solidificar e fazer crescer a feira de
animais no Parque de Exposição e colocar o conhecido e famigerado Matadouro de
Ipirá para funcionar.
Eu
sei que o prefeito Marcelo Brandão não é de fugir das grandes questões do
município de Ipirá. Organize esse seminário, prefeito! E vamos ver a coisa
ferver. Vamos derrubar e levantar, talvez, seja o sopro que Ipirá precisa.
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