O
professor quer melhoria nas condições de trabalho, busca meios para uma boa
qualidade de ensino e de apredizagem. Só isso. É essa a essência da exigência e
do querer de quem exerce a profissão de educar as gerações mais novas nesta
terra. Só isso. Esse é o ângulo da questão. Se os vereadores, também, defendem
a educação de qualidade, nada melhor, porque estão em consonância com o mesmo
objetivo da categoria dos professores.
A
educação dos dias atuais é por demais complexa e os professores sozinhos não dão
conta desta situação, havendo uma necessidade premente da democratização da
escola para a participação dos pais, alunos, professores, funcionários e
diretores. A gestão democrática é a única saída para esta situação; passando
por um processo de aprimoramento, até chegarmos ao ponto de debater e escolher
projetos educacionais nascidos nessa base de participação livre e democrática.
A construção democrática de um projeto pedagógico para a unidade escolar é um
fator decisivo. A escolha democrática desse projeto por quem vivencia a
realidade da escola é essencial. Não é sem fundamento que os grandes mestres e
pedagogos defendem a gestão democrática como caminho para melhorar a educação.
Aí vem o vereador e diz que não é por aí. Já não entendo mais nada.
O
vereador é taxativo: “Não funciona a gestão democrática da forma que foi
implantada. Sou contra. Declaro meu voto contra; duzentas vezes votarei contra”
Com essas palavras fechou qualquer possibilidade de diálogo, ao tempo que
disse: “Diálogo tem que ser feito pela qualificação dos diretores, podemos
fazer educação com qualidade com capacitação de diretores e professores”.
Demarcou os meios e os fins.
Está
resolvido. Educação de qualidade por decreto. Quem está nesta área sabe que não
é por aí, além do mais as justificativas do vereador são corriqueiras: “Vi o
fracasso que foi durante esse período de gestão democrática; a farra que foi
com diretor liberando professor sem botar falta porque precisava de voto para a
próxima eleição; dinheiro público era gasto com farra dentro de um colégio, uso
de drogas, bebida alcoólica, tenho a filmagem.” Isso não é uma característica
do diretor eleito, poderá acontecer com qualquer tipo de diretor: eleito,
indicado, sorteado, apontado, caído do céu, etc e tal.
O
vereador sem querer dizer o que quer realmente, fica naquela situação
desconfortável e argumenta: “Não sou contra o processo democrático, sou contra
a forma que tem e que foi instaurado e que negou e cortou o direito do executivo
punir os irresponsáveis.” A eleição de diretor não dá direito ao diretor roubar
o dinheiro da escola, ele não possue imunidade e está sujeito aos agravos da
lei.
A
categoria dos professores não tem dúvidas: o ensino de qualidade passa pela
escolha democrática da direção da escola e de um projeto pedagógico. O governo
de Diomário avançou nesse sentido. Não há dúvida quanto a isso. O vereador
continua na dúvida e diz: “Sou a favor que as indicações sejam do quadro, agora
tem que ser indicação do gestor (prefeito) que vai indicar professor concursado
para ser o gestor escolar e que não se comprometer com a comunidade escolar
(professores).”
O
diretor por melhor qualificado que seja se não tiver apoio dos segmentos que
fazem a escola na construção da atividade educativa não alcançará grandes
resultados. A escola tem que evoluir tendo por base um projeto pedagógico
participativo na construção e na execução. Isso é fato vivenciado na prática
por que tem como profissão ser educador. Se indicação fosse a condicionante
bastaria indicar os melhores pedagogos para dirigir as unidades escolares e
estaríamos no paraíso. O problema é complexo e sem a participação e parceria
dos segmentos que vivenciam e fazem a escola não haverá melhoria na educação. O
diretor indicado não tem possibilidade de fomentar essa elaboração por falta de
envolvimento e de legitimidade para tal construção. A gestão democrática na
prática é um processo de aprimoramento, de desenvolvimento e sua tendência é evoluir
como modelo participativo, e assim deve ser.
O vereador
corrigindo uma fala equivocada de outro vereador, citou:” LEI não tem jeito,
LEI se cumpre, é LEI, é indicação e quem fez foi o vereador Jaildo. LEI é para
se obedecer.” Outro vereador citou: “ É LEI votada por esta casa e que o
prefeito não pode fazer nada, não pode encaminhar um novo projeto e revogar
esse projeto, que tem um ano de prazo, se for feito vamos provocar uma questão
jurídica”.
Chegou
onde o vereador queria: "VAMOS OBEDECER A LEI." Não conheço o texto da LEI, mas
suponho que a LEI deve sacramentar que DIRETOR DE ESCOLA é cargo de confiança
do EXECUTIVO.
Estou
querendo entender: a LEI coloca o cargo de Diretor das Escolas como cargo de
confiança. Não é isso? Confiança de quem? Do Executivo ou do Legislativo? A LEI
deve ser clara: do Executivo o prefeito indica; do Legislativo os vereadores
indicam.
Não
é assim? LEI é para ser obedecida. Essa LEI determina o loteamento das escolas
entre os vereadores? Se não tem isso, os vereadores não devem burlar a LEI, que
foi feita para ser obedecida. Em que artigo da Lei consta que são os vereadores
que têm que indicar os diretores? Eu só quero compreender essa LEI, porque a
LEI tem que ser obedecida até pelos que a fizeram.
Se
a LEI reza que é o Executivo quem indica os seus cargos de confiança, por que
os vereadores não querem respeitar a LEI que eles fizeram? LEI se cumpre. Por
que os vereadores não querem cumprir sua própria LEI? O prefeito fazendo
indicações é cumprir a LEI. Tem algum artigo que diz que vereadores indicarão
os diretores de escola como o único direito do vereador: fazer indicações de
cargos? Se não tem nada disso, o Legislativo está usurpando a LEI, ou eu estou
enganado?
Se
não tem nenhum artigo falando em nomeação por vereadores, não dá para entender
a lista das escolas em mãos de vereadores para indicarem os diretores e vices.
Vamos obedecer a LEI. Os vereadores não podem ludibriar a LEI, com armação sub-reptícia
e vegonhosa, porque o fundamento essencial de quem faz a LEI é obedecê-la, até
por descarrego de consciência e não ser demagogo e incoerente.
Está
nas mãos do prefeito do PT, Ademildo Almeida. A LEI permite que o gestor faça
as indicações para os gestores das escolas dentro de sua lógica e de sua consciência
para objetivar o ensino verdadeiro e da boa educação. V. Exa. já foi professor
e conhece o valor da educação de qualidade e voltada para a liberdade humana.
Tem momentos em que a pessoa não pode enganar a si próprio e a sua história. Prefeito
Ademildo Almeida, do PT, não seja “um boneco ventríloquo” para sancionar listas
de diretores confeccionadas por vereadores em cima da perna, sem critério, sem
responsabilidade e no provimento do interesse pessoal.
Quero
parabenizar ao presidente da Câmara de Vereadores de Ipirá, Aníbal Aragão, que
demonstrou elegância, maturidade e espírito democrático quando acatou e
permitiu a apresentação teatral e a manifestação da categoria dos professores
no seu espírito de liberdade e respeito, desta forma, contribuindo para que
tenha acontecido uma das reuniões mais calorosas, palpitantes e vivas na Casa
da Cidadania de Ipirá.
Sem
desmerecer ninguém, eu acho previdente as colocações do vereador Deteval Brandão,
quando afirma que: “O diálogo não está fechado com a APLB, que é momento de ouvir
e conversar, que existem pressões políticas, mas que não tem nada definido e
que não houve nenhuma indicação ainda.” É uma posição coerente, porque o que
está em pauta é a educação de jovens e adultos em Ipirá, que merece ou não ter
uma educação melhor para sua juventude? Eis a questão.
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