quarta-feira, 1 de abril de 2020

MORTE EM IPIRÁ


Disse o presidente Bolsonaro, durante entrevista ao Brasil Urgente: “Alguns vão morrer, vão morrer, lamento, é a vida. Não pode parar uma fábrica de automóveis porque tem mortes no trânsito",

Eu digo: “não quero morrer agora, neste momento, devido a uma contaminação; seria uma morte anunciada”

Sendo ou não do grupo de risco, o cidadão brasileiro tem o direito à vida e o governo brasileiro não tem o direito de decidir quem vive e quem morre. No Brasil, até agora, são 5.517 casos de contaminação, com 201 mortos, em situação de ‘subindo a ladeira’ e é aí que mora o grande perigo.

Estão na trajetória do disparo ‘da bala’ do vírus, milhares de vidas, principalmente os idosos e as pessoas mais pobres, que podem ser oferecidas em sacrifício em nome da economia.

A recomendação é que as pessoas mantenham medidas de isolamento social como forma de desacelerar a velocidade do ato de transmitir essa doença no país.

A Sociedade Brasileira de Infectologia e Fiocruz reforçaram que: “apenas o isolamento horizontal funcionaria para retardar as contaminações.” Isso basta, diz tudo.

O prefeito Marcelo Brandão seguiu essa lógica e tomou todas as medidas necessárias, isso ninguém pode negar. Acontece que a cidade de Ipirá está ocorrendo uma desobediência civil. É muita gente na rua em busca da morte.

As ruas de Ipirá têm mais gente do que o necessário, parece que a população daqui gosta de ‘pagar prá ver’ ou ‘acredita demasiadamente na sorte’, então, não custa nada arriscar 'um olho para ver o que acontece'. Não tem olho certo, se acontecer é a morte.

Eu acho que todos sabemos o perigo que corremos. Muitas vezes a necessidade obriga a pessoa a sair em busca de alimento e remédio. Mas com esse povo todo na rua, penso que as pessoas estão de brincadeira com a morte ou acreditam mais no diabo fantasiado de cordeiro do que num vírus.

O comércio está botando pressão e tem lojas abrindo. Neste momento, a criatividade é melhor do que correr atrás do perigo. O atendimento em casa salvou a China. O cliente telefona ou via zap e o comerciante faz a entrega.

A prefeitura poderia organizar de forma rápida e eficiente a ‘caravana do abastecimento’, o carro de som da prefeitura na frente anunciando, os vendedores com carros de mão (nossa realidade) atrás, guardando a devida distância, e atendendo as pessoas de casa, uma de cada vez, por rua, sem aglomeração, e de forma organizada, para evitar a atual aglomeração na Praça do Mercado. Tem que haver criatividade e inovação para ver se o povo fica em casa de quarentena.

Tem uma importância enorme as informações do prefeito Marcelo Brandão: “vai montar dois hospitais de campanha para atender prováveis casos do novo coronavírus.”
“uma ala do hospital municipal será usada para atender pacientes que precisem de um cuidado maior.”
“uma escola municipal, que deve ser definida até a quarta-feira (2), deve atender casos leves.”
“Nossa ideia é criar uma espécie de semi-UTI, já que não temos UTI.
“foram comprados cinco respiradores fixos e um portátil para a saúde local.”
“A ideia é minimizar a contaminação no município.”

“Que não haja uma infestação maior, porque se tiver muitos casos não vai dar para atender.”
“Mas se tiver poucos casos, nós vamos conseguir”
Não vai não, prefeito! Que essa doença não chegue até o município de Ipirá, porque o caso que ocorrer aqui é morte certa. O caso é mais grave do que a fantasia do prefeito. Aqui, em Ipirá, não tem nem condições de fazer o teste para saber quem está contaminada ou não. Aqui em Ipirá, é morte certa.

Que não haja contaminação em nosso município. Quais seriam os médicos que ficariam na linha de atendimento? Dr. Luiz Carlos ou Dr. Maurício? Dr. Antônio ou Dra. Ana? Ou os quatro? Qual seria a equipe de enfermagem que atenderia o paciente(s)? Qual seria as condições de trabalho para esses profissionais da saúde? Na Itália, 14% das mortes têm sido com o pessoal da saúde. Grandes médicos estão morrendo no mundo por contaminação pelo coronavírus. Seria de grande importância que esses quatro médicos citados dessem seus pareceres em relação à realidade verdadeira da saúde de Ipirá.

O prefeito Marcelo Brandão tem uma posição mais cômoda quando ele fala da sua carreira política. Vários dos seus correligionários estavam aguardando a sua presença e o prefeito pelo celular, à viva voz: “eu quero dizer que sou candidato a prefeito e que todos os vereadores devem se filiar ao DEM.”

A ordem não foi cumprida ao pé da letra. O candidato da família Martins foi contestado na sua altivez. Vai haver uma pesquisa para a definição do nome do grupo da jacuzada.

O prefeito Marcelo Brandão deve estar pensando: “logo agora, que eu levantei minha guia, esse pessoal quer embarreirar!”

O prefeito MB está fazendo o asfalto do centro da cidade; o prefeito comprou seis respiradores para combater o coronavírus em Ipirá; a crise econômica vai atingir em cheio o comércio ‘macaco’ de Ipirá; seu adversário macaco é empresário e a depender do estrago que a crise econômica poderá fazer em suas empresas ele poderá jogar a toalha; a prefeitura está dispensada de fazer grandes eventos festivos, então vai sobrar dinheiro; e o governo federal vai ter que abrir as torneiras para dar suporte para a prefeitura atender ao grande número de necessitados que está por vir. Tudo isso deve está contabilizado na cabeça do prefeito.

O prefeito MB é advogado, não é comerciante e não é pecuarista, tem nada a ver com esses segmentos. Pouco lhe importa diretamente que o comércio de Ipirá vá à falência ou que a seca acabe com a produção rural. Ele não será atingido, por não ser, nem uma coisa nem outra, ele é político. E se Ipirá retroagir às condições sociais e econômicas do século passado, fica mais fácil de acontecer o domínio oligárquico da família Martins e esse domínio é seu sonho e grande objetivo.

E na condição de político o prefeito MB poderá ter um gesto grandioso, quando, por porventura, se acaso acontecer, as eleições 2020 forem suspensas e os mandatos dos prefeitos prorrogados, ele de forma magnânima, renunciar ao cargo porque foi eleito para um mandato de quatro anos e, nesse momento complexo, sua tarefa principal é garantir o isolamento social para que a morte não seja o assunto mais comentado em Ipirá.

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